O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma nova previsão sobre a evolução da população no Brasil, revelando que o país deve alcançar um pico populacional de mais de 220 milhões de habitantes em 2041. A partir desse ano, a população começará a diminuir, atingindo pouco mais de 199 milhões de pessoas até 2070. Essa projeção reflete uma tendência crescente de redução no número de nascimentos, evidenciando mudanças significativas nas dinâmicas sociais e econômicas do país.
O estudo do IBGE prevê que 11 estados brasileiros começarão a experimentar uma queda populacional antes do esperado, com Alagoas e Rio Grande do Sul sendo os primeiros a registrar essa diminuição já em 2027. Em 2022, o Brasil registrou 2,54 milhões de nascimentos, o menor número desde 1977. Essa tendência reflete uma queda significativa na taxa de natalidade global, que passou de 4,84 filhos por mulher em 1950 para 2,23 em 2021, conforme apontado pela pesquisa “Global fertility in 204 countries and territories, 1950–2021, with forecasts to 2100”, publicada na revista The Lancet. Esses dados destacam mudanças profundas nas dinâmicas demográficas, influenciadas por fatores sociais, econômicos e culturais.
No Brasil, a taxa de fecundidade caiu para 1,93 filhos por mulher, um valor abaixo do ideal de 2,1 filhos por casal necessário para manter a estabilidade populacional. Globalmente, a projeção indica que essa taxa será de 1,83 em 2050, caindo ainda mais para 1,59 em 2100. Um dos fatores que contribuem para essa queda é o surgimento da geração “NoMo” (No Mothers), composta por pessoas que optam por não ter filhos. Essa tendência tem ganhado força, especialmente nas redes sociais, refletindo mudanças culturais e prioridades diferentes, como o foco em sucesso profissional e estabilidade financeira.
O especialista em reprodução humana, Dr. João Guilherme Grassi, observa que o acesso a métodos contraceptivos e o planejamento familiar são fatores importantes na redução da taxa de natalidade. Ele destaca que muitas mulheres estão priorizando o sucesso profissional e, por isso, optam por adiar a maternidade. Para essas mulheres, o congelamento de óvulos tem se tornado uma solução cada vez mais comum, permitindo que preservem suas chances de ter filhos no futuro, mesmo que decidam esperar para engravidar.
Uma análise dos dados do IBGE revela que a proporção de nascimentos entre mães com idades entre 30 e 39 anos cresceu de 26,1% em 2010 para 34,5% em 2022. Em contraste, a proporção de nascimentos entre mães com menos de 20 anos caiu de 18,5% para 12,1% no mesmo período. Além disso, o Relatório de Produção de Embriões (SisEmbrio) aponta que o número de ciclos de fertilização in vitro no Brasil aumentou 32,72% entre 2020 e 2022, refletindo a tendência crescente de as mulheres adiarem a maternidade.
O Dr. João Guilherme Grassi explica que o congelamento de óvulos é uma alternativa para preservar a fertilidade, uma vez que a quantidade de óvulos disponíveis diminui com a idade. Contudo, ele ressalta que essa abordagem não garante sucesso absoluto. O especialista afirma que o congelamento pode ajudar a preservar as condições dos óvulos para uma fertilização futura, mas enfatiza que o melhor caminho é o planejamento consciente, evitando adiar demais a gestação.