No dia 13 de setembro de 1987, um episódio inusitado e memorável entrou para o imaginário brasileiro: o “verão da lata”. O navio Solana Star, que vinha da Austrália e tinha como destino final os Estados Unidos, precisou fazer reparos na costa brasileira. No entanto, a situação se complicou ao ser revelado que a embarcação carregava 22 toneladas de maconha.
Temendo a prisão, os tripulantes, compostos por seis norte-americanos e um costa-riquenho, decidiram lançar ao mar todo o carregamento. Resultado: 15 mil latas, cada uma pesando entre 1,3 e 1,5 quilo de erva, foram despejadas nas águas brasileiras. O que se seguiu foi uma verdadeira caça às latas, que se espalharam do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul, levadas pelas marés.
A polícia conseguiu apreender apenas 2.563 latas, enquanto o restante foi consumido ou se perdeu no vasto oceano. Curiosamente, apenas o cozinheiro da tripulação foi preso no Rio de Janeiro durante o incidente.
O Destino do Navio
Após o episódio, o Solana Star foi confiscado e leiloado, recebendo o novo nome de Tunamar, com a intenção de ser utilizado para a pesca de atum. No entanto, sua nova vida foi breve. Durante sua viagem inaugural, em 11 de outubro de 1994, o navio afundou ao fazer a rota de Niterói para o litoral de Santa Catarina, encerrando de maneira dramática sua história.
O “verão da lata” permanece na memória coletiva como um dos episódios mais curiosos e emblemáticos da luta contra o tráfico de drogas no Brasil, destacando, de forma inusitada, a relação entre o mar e o contrabando.