O milho, com suas diversas variedades, sabores e significados culturais, é o coração da identidade mexicana. Presente em pratos como tortilhas, tacos, polvorón e pozole, o grão vai além de sua importância culinária, sendo central na economia e nas tradições do país. No entanto, a luta para preservar suas variedades nativas diante das investidas de grandes corporações de biotecnologia, como a Bayer (ex-Monsanto), representa um desafio crucial para o México.
Com a classificação de quinto maior produtor de milho do mundo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o país enfrenta uma crescente ameaça à biodiversidade de suas plantações. A introdução de sementes geneticamente modificadas, promovidas por gigantes do agronegócio, busca aumentar a produtividade, mas pode comprometer a sustentabilidade das variedades tradicionais. Embora a legislação mexicana proíba o cultivo de transgênicos, a pressão das corporações continua a crescer.
Desde 2007, a campanha “Sin Maíz No Hay País” articula mais de 300 organizações indígenas, ambientais e sociais em prol da preservação das 64 variedades de milho nativo do México, que se destacam por suas diferentes tonalidades — do branco ao roxo. Anualmente, em 29 de setembro, é celebrado o Dia Internacional e Nacional do Milho, uma data que serve para valorizar a importância cultural e alimentar desse grão, além de protestar contra o avanço dos transgênicos e o controle das grandes corporações sobre as sementes.
A celebração une festividades e mobilizações, reafirmando o compromisso com a soberania alimentar e a biodiversidade. A frase “Que a nossa festa seja tão rica e variada quanto o milho!” ecoa durante os eventos, promovendo a diversidade agrícola e o papel fundamental do milho nas tradições locais.
Além de ser um ato de resistência, essa luta simboliza o vínculo profundo entre o milho e a identidade dos povos mexicanos, um patrimônio que a campanha busca proteger das ameaças do agronegócio. A batalha contra os transgênicos no México se alinha aos movimentos globais que defendem a soberania alimentar, enfatizando que a comida deve ser produzida de forma justa, segura e sustentável, respeitando a cultura e os ecossistemas locais.
Com a crescente conscientização sobre os impactos negativos das sementes transgênicas, os documentários “O Mundo Segundo a Monsanto” e “El Maíz en Tiempo de Guerra” denunciam a erosão da biodiversidade, a dependência dos agricultores em relação às grandes corporações e os potenciais riscos à saúde pública e ao meio ambiente. A luta pela preservação do milho não é apenas uma questão nacional, mas uma batalha global pela diversidade alimentar e pela autonomia dos povos.