“Desde sua adesão ao sistema de cotas, a USP está mostrando que para fazer parte do chamado ‘berço do conhecimento’ não é preciso nascer em berço de ouro”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quinta-feira, 25 de janeiro, na solenidade que dá início às comemorações pelos 90 anos da Universidade de São Paulo (USP). Ele lembrou que mais da metade dos aprovados no último vestibular da instituição paulista são oriundos de escolas públicas.
Eu posso dizer pra vocês que, embora eu não tenha tido a oportunidade de estudar na USP, eu fui muito ajudado a construir tudo que nós temos nesse país com muitas mulheres e muitos homens da USP. Por isso, obrigado”
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da república
O presidente destacou que a USP está cada vez mais com a cara do Brasil. “Uma cara que é preta, uma cara branca, uma cara parda, uma cara indígena. Não é mais a USP pensada para que São Paulo oferecesse ao Brasil a inteligência para governar esse país, mas é a cara do povo brasileiro da periferia, que, durante muitas décadas, nem sonhava em chegar na USP.”
Ao frisar a qualidade do ensino na instituição, o presidente agradeceu à Universidade de São Paulo. “Eu posso dizer pra vocês que, embora eu não tenha tido a oportunidade de estudar na USP, eu fui muito ajudado a construir tudo que nós temos nesse país com muitas mulheres e muitos homens da USP. Por isso, obrigado”, afirmou.
Durante seu discurso, Lula argumentou que o conhecimento é uma das mais poderosas ferramentas à disposição dos seres humanos, e que tem sido o motor da evolução da humanidade. “Mas o conhecimento nas mãos de poucos, em benefício de poucos, provoca mais e mais desigualdade. E não se constrói um grande país com tanta desigualdade. Foi por isso que investimos cada vez mais na educação, da creche à pós-graduação”, pontuou
Ele lembrou ainda que quando entrou na Presidência da República, em 2002 encontrou o país com 3,5 milhões de estudantes universitários e que, após seus dois primeiros mandatos, esse número cresceu para 8 milhões. “Demos aos filhos dos trabalhadores a oportunidade de se tornarem doutores. Porque é assim que se constrói um país mais desenvolvido e mais justo.”
Orquestra – A Orquestra Sinfônica da USP (Osusp) fez o concerto que marcou o início das comemorações do aniversário, e incluiu no repertório obras de Camargo Guarnieri, George Gershwin e Modest Mussorgsky. Além do número musical, houve a abertura de uma exposição, com participação de ex-reitores, e a entrega da Medalha Armando de Salles Oliveira para entidades e pessoas com atuação de grande relevância na parceria com a USP ao longo dos anos. Instituída em 2008, a medalha é uma homenagem da universidade àqueles que contribuem para a sua valorização e desenvolvimento.
Receberam a medalha o presidente Lula, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e outros.
Historia da universidade – A história da USP remonta 196 anos atrás, quando a antiga Academia de Direito foi fundada, em 11 de agosto de 1827, no Largo São Francisco. A universidade propriamente dita foi fundada no dia 25 de janeiro de 1934, por um decreto de criação assinado pelo então interventor federal Armando Salles de Oliveira. O ato uniu a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, a Escola Politécnica de São Paulo, a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, a Faculdade de Medicina, a Faculdade de Direito e a Faculdade de Farmácia e Odontologia.
“A USP foi pensada como uma instituição moderna, alicerçada na relação indivisível entre ensino, pesquisa e extensão. Pulsava nela uma visão de país que se ancorava na ciência, na razão e no valor da liberdade”, disse o reitor da universidade, Carlos Gilberto Carlotti Junior.
Atualmente, a USP é a principal instituição de ensino e pesquisa do país, com cerca de 97 mil alunos matriculados — 60 mil na graduação e 37 mil na pós-graduação — e mais de 5 mil professores. A universidade tem 11 campi espalhados por oito cidades paulistas, que abrigam 42 entidades de ensino, responsáveis por 333 cursos de graduação e 264 cursos de pós-graduação, além de quatro museus, 48 bibliotecas e quatro hospitais.
Responsável por 22% da produção científica brasileira, a USP aparece na 22ª colocação no ranking de universidades da Scimago Institutions e em 20º no ranking de instituições científicas.
“Estamos formando líderes e produzindo pesquisas com excelência. Durante nossa história tivemos momentos difíceis, essa universidade enfrentou o arbítrio do regime autoritário instalado em 1964 que aposentou lideranças intelectuais e científicas notáveis. Apesar de duramente atingida, a USP teve forças para resistir e conservar seus fundamentos originais”, destacou o reitor.