As autoridades do Sudão declararam um surto de cólera em agosto, com mais de 5 mil casos e 191 mortes relatadas, exacerbando a já crítica situação humanitária no país. A propagação da doença foi especialmente intensa nos estados de Kassala, Gedaref e Rio Nilo, onde os casos registrados quadruplicaram na segunda quinzena do mês.
Este surto ocorre em um contexto de guerra contínua, que começou em abril de 2023, e que já havia causado surtos anteriores da doença. Com a infraestrutura de saúde devastada e o acesso a cuidados médicos severamente limitado, a população enfrenta desafios adicionais, incluindo altas taxas de desnutrição infantil e feridos de guerra.
“A combinação de fortes inundações e condições de vida deploráveis criaram um ambiente propício para a propagação da cólera,” afirma Esperanza Santos, coordenadora de emergência da Médicos Sem Fronteiras (MSF) no Sudão.
Desafios na Resposta Humanitária
Em Kassala, chuvas intensas e o transbordamento de rios danificaram a infraestrutura de água e saneamento, empurrando comunidades deslocadas e refugiados para condições ainda mais precárias. A cólera, transmitida por água e alimentos contaminados, representa uma ameaça crescente, e a resposta humanitária permanece aquém do necessário.
As equipes da MSF estão ativas em várias áreas afetadas, incluindo Cartum e Gedaref. Até 9 de setembro, 2.165 pacientes foram tratados nas unidades apoiadas pela organização. MSF está estabelecendo centros de tratamento de cólera e implementando medidas de saneamento, como pontos de reidratação oral e distribuição de kits de higiene.
Apelo por Acesso e Recursos
Frank Ross Katambula, coordenador médico da MSF, fez um apelo urgente à ONU e a organizações internacionais para que financiem e ampliem as atividades de água e saneamento, essenciais para conter o surto. Após meses de desafios na entrega de assistência humanitária, MSF solicita que as partes em conflito permitam o acesso irrestrito a equipes médicas e suprimentos.
“Pessoas estão morrendo de cólera agora. É crucial que os suprimentos e medicamentos sejam entregues rapidamente, pois os obstáculos burocráticos continuam a ser um grande desafio,” destaca Katambula.
Enquanto a situação se agrava, a MSF continua a trabalhar para mitigar os impactos da cólera e melhorar as condições de vida das comunidades afetadas, mas a necessidade de ação rápida e coordenada é mais urgente do que nunca.