Os profissionais de saúde em Gaza enfrentam diariamente a dura realidade das contínuas agressões. Javid Abdelmoneim, líder da equipe médica de Médicos Sem Fronteiras (MSF), compartilha a experiência de trabalhar no hospital Nasser, o último hospital funcional no sul do território, onde a equipe enfrenta cenas de horror diariamente para tratar as vítimas dos ataques israelenses.
No hospital Nasser, o ambiente de trabalho é caótico e angustiante. Durante os incidentes com muitas vítimas, o pronto-socorro se transforma em um cenário de desespero e urgência, com médicos pisando em poças de sangue enquanto tentam atender centenas de feridos. O barulho e o cheiro de sangue são constantes, e seguranças lutam para manter os familiares fora da área de emergência para evitar superlotação.
O hospital Nasser oferece atendimento cirúrgico, de trauma e cuidados a pacientes queimados. Em um exemplo vívido, no dia 13 de julho, após um ataque israelense, o hospital recebeu um grande número de feridos. Explosões perto do hospital anunciaram o desastre iminente, e as ambulâncias logo começaram a chegar.
Abdelmoneim descreve cenas angustiantes, como a de uma menina de três anos com o osso da coxa exposto e uma mulher gravemente ferida com o intestino exposto, mas ainda consciente. O pronto-socorro estava tão cheio que muitos pacientes eram tratados no chão, em meio ao sangue. O trabalho incessante durou mais de quatro horas e meia, com médicos tendo que tomar decisões difíceis sobre quem atender primeiro.
O impacto da violência não poupa nem os profissionais de saúde. Um colega anestesista de MSF, que perdeu sua casa e familiares em um dos ataques, continuava a trabalhar no pronto-socorro, demonstrando a resiliência e o sacrifício da equipe médica.
Mesmo exaustos e traumatizados, os médicos palestinos continuam a tratar os feridos, lidando com braços quebrados, parando sangramentos e realizando cirurgias. No entanto, a sensação de perda é constante, com muitos pacientes sucumbindo às suas feridas. A equipe espera pelo próximo incidente com vítimas em massa, ciente de que não existe lugar seguro em Gaza.