Embora para mim um filme de 1h e 30m seja pouco tempo para mostrar toda a trajetória de Ma Rainey, o filme foi transcrito da peça de teatro de August Wilson e disponível na netflix, com grandes nomes no elenco.
Ao ver tive a sensação de estar em uma sala de teatro assistindo ato por ato de uma peça cheia de diálogos e críticas com relação a segregação racial e a religiosidade na década de 1920, onde o negro não muito diferente dos dias atuais só tem valor quando permite que seus talentos produza riqueza aos brancos e ricos.
O film traz uma sessão de gravação de álbum, e nele de forma contundente mostra a gerência branca de controlar o talento de Ma Rainey e sua banda.
Podemos ver em destaque dois personagens em cada cena do filme:
- Ma Rainey interpretado pela extraordinária Viola Davis, mostrando sua força e não se deixando dominar pela indústria da música da época, revelando como lidava com seu produtor musical, deixando claro que ela era quem tinha o talento, e que se quisessem se enriquecer às suas custas e de sua banda teriam que pagar o preço justo e dar a ela todas as regalias.
- E do outro lado temos uma das últimas aparições do eterno Pantera Negra Chadwick Boseman que faleceu em 2020, Chadwick interpreta no filme o personagem do trompista Levee, que conta a sua trágica história e da sua família, que embora a dor e sofrimento vivido na infância sonha em ser reconhecido pelo seu talento.
Debates necessários mostrando a força da mulher e da luta do negro por sobrevivência se destaca do começo ao fim e em cada cena.
Para mim, foi como assistir um magnífico drama musical de qualidade que merecia uma série com vários episódios e temporadas para mostrar todo o sofrimento de músicos talentosos que ganhavam pouco para enriquecer não muito diferente de hoje, uma sociedade branca “culta” cheia de ódio, racismo e preconceito.