O embaixador dos Estados Unidos na Colômbia, Francisco Palmieri, reconheceu, em pelo menos duas declarações à imprensa na semana passada, a existência de sérios planos para assassinar o presidente Gustavo Petro. “Há um perigo real para a vida do presidente Petro”, disse o diplomata.
Na primeira revelação, feita à RTVC Noticias, confirmou que o plano existe e é do conhecimento da Drug Enforcement Administration (DEA). Além disso, indicou que esta agência forneceu elementos que confirmam as informações fornecidas pelo próprio Gustavo Petro, no sentido de um plano para o assassinar, financiado a partir do Dubai, uma operação que inclui a compra de um carregamento de espingardas.
“É uma situação muito sensível. Os Estados Unidos, através da nossa embaixada e do governo, não discutem as comunicações privadas que tivemos com os governos nossos parceiros, e é uma situação muito delicada”, insistiu o embaixador em Caracol.
Mais cedo, o jornalista Holman Morris, da RTVC, entrevistou o líder religioso e político Alfredo Saade, que falou sobre um plano para envenenar o presidente, para que sua morte parecesse uma overdose de drogas. Segundo o pastor, a informação veio de fontes confidenciais de um país vizinho. As tentativas de golpe e os golpes de Estado têm sido uma constante na América Latina, assim como os assassinatos.
Os autores são os mesmos: os grandes grupos económicos, os militares comprometidos com a teoria da Segurança Nacional, a oposição de extrema-direita e o grande conjurador que tira da cartola todas as cartas do golpe: o império norte-americano, com as suas agências de “ajuda” e de “inteligência”.
A lista de golpes desestabilizadores é longa. Uma reportagem recente da BBC afirmava que a Bolívia é “o país com mais tentativas de golpe de Estado” desde 1950. A última foi contra o atual presidente Luis Arce Catacora.
Na Venezuela, antes e depois das eleições de 28 de julho de 2024, está em curso uma tentativa de golpe de Estado. Curiosamente, enquanto em Bogotá se fala de um camião carregado de explosivos e da compra de armas, em Caracas já foi apreendido um arsenal.
Esta não é a primeira tentativa. Em abril de 2002, houve uma tentativa contra o Presidente Hugo Chávez. No Haiti, em fevereiro de 2004, contra o Presidente Jean-Bertrand Aristide, raptado por um comando das forças especiais americanas. Nas Honduras, em junho de 2009, contra o Presidente Manuel Zelaya. No Equador, em setembro de 2010, contra o Presidente Rafael Correa, que foi detido durante algumas horas e libertado por uma mobilização popular.
A lista é longa. Não esquecemos o sangrento assalto ao Palácio de La Moneda, em Santiago, que derrubou e tirou a vida ao mártir Presidente Salvador Allende.
Apesar das aparentes boas intenções do Embaixador Palmieri, recordemos que os governos do seu país não foram alheios a estas tentativas, a estes assassínios. Nos casos da Colômbia e da Venezuela, alguns observadores apontam para uma combinação de ações da ultra-direita fascista em ambos os países. Um dia saberemos qual é a responsabilidade de Washington nesta situação. Esta longa lista de violações da soberania e da autodeterminação dos povos torna-se um “eu acuso” contra as práticas dos EUA.
Os Estados Unidos estão a meio de uma campanha eleitoral e é do interesse do Partido Democrata apresentar-se como o defensor da democracia no continente. Entretanto, na Ucrânia, em Gaza e no Líbano, o seu papel está a ajudar a alimentar as chamas da guerra.
Cada passo, cada decisão que Washington toma na geopolítica mundial deve ser ponderada. Gustavo Petro, chefe do país que parece ser o “melhor aliado” da América, está certamente na mira. Como dizia Che, não se pode acreditar no imperialismo, “nem um bocadinho assim”.
Voz La Verdad del Pueblo
https://semanariovoz.com/