Famílias uruguaias aguardam encontrar 161 detidos desaparecidos durante a ditadura

Desafios na Busca por Vítimas da Ditadura São Analisados em Debate na Universidade da República

Foto: Reprodução/Radio Uruguay

A situação dos detidos desaparecidos no Uruguai se agrava, com 161 pessoas ainda não localizadas, de um total de 197 vítimas de crimes cometidos durante a ditadura, conforme revelado hoje por Alicia Lusiardo, coordenadora do Grupo de Investigação em Antropologia Forense (GIAF) da Universidade da República. A declaração foi feita durante um debate sobre a busca por desaparecidos na Faculdade de Informação e Comunicação da instituição.

Lusiardo enfatizou que, embora a lista de desaparecidos contenha 197 nomes, o foco atual recai sobre as 161 pessoas cujos restos mortais ainda não foram encontrados. “Estamos sempre a trabalhar com dados ou testemunhos escassos ou indiretos”, afirmou, destacando o elevado nível de imprecisão que dificulta a identificação.

Desafios na Pesquisa

A coordenadora explicou que o GIAF realiza suas investigações em “grandes propriedades”, algumas com mais de 400 hectares. A busca é complexa, pois as informações disponíveis não indicam a existência de valas comuns, mas sim de “enterros individuais”. Essa condição torna a tarefa de encontrar os desaparecidos ainda mais desafiadora.

Desde 2005, foram identificados seis corpos de detidos desaparecidos: Ubagésner Chaves Sosa, Fernando Miranda, Julio Castro, Ricardo Blanco, Eduardo Bleier e Amelia Sanjurjo. As ossadas de Castro, Blanco e Sanjurjo foram localizadas no terreno do 14º Batalhão das Forças Armadas. Recentemente, em 30 de julho, foram encontrados os restos mortais de um homem que, na época de sua morte, tinha entre 43 e 57 anos.

Avanços na Identificação

Em declarações ao jornal La Diaria, Lusiardo informou que as amostras da última descoberta estão sendo analisadas no laboratório da Equipe Argentina de Antropologia Forense, em Córdoba. “Aí começa o procedimento de extração do perfil genético desses restos mortais”, explicou. Assim que o perfil estiver completo, ele será comparado com “a base de dados de referência de familiares de detidos uruguaios desaparecidos”.

A busca continua, e o GIAF permanece comprometido em localizar e identificar as vítimas da repressão, trazendo esperança às famílias que ainda buscam respostas e justiça.

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