Em um dia como hoje, iniciava-se a Semana Trágica na Espanha

A revolta, ocorrida de 26 de julho a 2 de agosto de 1909, foi um dos confrontos mais sangrentos entre o exército e a classe operária, apoiada por anarquistas, socialistas e republicanos.

Trabalhadores de passeata durante a "Semana trágica" em Barcelona

Trabalhadores de passeata durante a "Semana trágica" em Barcelona

No início do século XX, a Espanha vivia um período de instabilidade política e social. A derrota na Guerra Hispano-Americana de 1898, que resultou na perda das últimas colônias ultramarinas como Cuba e Filipinas, ainda ressoava na sociedade espanhola. O país estava sob o reinado de Afonso XIII, e o governo, liderado por Antonio Maura do Partido Conservador, enfrentava grandes desafios.

O sistema político espanhol era dominado por dois partidos, o Partido Conservador e o Partido Liberal, que se alternavam no poder através de eleições controladas pelo caciquismo, um sistema corrupto que garantia a vitória do partido opositor. Na Catalunha, a política era dominada por partidos como a Solidaritat Catalana, liderada por Francesc Cambó, e a União Republicana de Alejandro Lerroux.

Crescimento do Movimento Operário

Na mesma época, a classe trabalhadora espanhola começava a se organizar sindicalmente, especialmente em Barcelona, onde surgia a Solidaritat Obrera, uma confederação sindical que unia socialistas, anarquistas e republicanos. Este movimento operário foi uma resposta à aproximação de Solidaritat Catalana ao governo conservador de Maura.

Desencadeamento da Semana Trágica

O estopim para a Semana Trágica foi a mobilização de tropas reservistas para reforçar o exército espanhol em Marrocos, uma decisão tomada pelo governo de Maura após um ataque a operários espanhóis que trabalhavam na construção de uma ferrovia em Melilha. Este incidente levou ao início da Guerra de Marrocos, que se estenderia até 1927.

Revolta Popular

A mobilização das tropas reservistas, composta majoritariamente por pais de família, foi mal recebida pelas classes populares. A legislação de recrutamento permitia que os mais ricos evitassem o serviço militar pagando uma taxa, o que gerou grande indignação entre os trabalhadores. A revolta teve início em 26 de julho de 1909, com uma greve geral convocada em Barcelona e outras cidades catalãs.

Os protestos rapidamente se transformaram em insurreição, com barricadas sendo erguidas nas ruas e ataques a edifícios religiosos, refletindo o sentimento anticlerical do movimento. A cidade de Barcelona foi tomada por colunas de fumaça provenientes dos incêndios, e a insurreição atingiu seu ápice em 28 de julho.

Repressão e Consequências

O governo respondeu com uma repressão violenta e arbitrária, resultando na prisão de milhares de pessoas e na execução de cinco líderes, incluindo Francesc Ferrer i Guàrdia, co-fundador da Escola Moderna. As execuções provocaram indignação na Espanha e no exterior, levando à queda do governo de Maura, que foi substituído por Segismundo Moret.

A Semana Trágica deixou marcas profundas na história da Espanha. A repressão violenta, a radicalização política e a polarização social foram algumas das consequências duradouras deste evento. A análise deste episódio revela não apenas as tensões do passado, mas também oferece lições importantes para o presente e o futuro da luta por justiça social e política.

Estudar a Semana Trágica é essencial para compreender as complexidades da história espanhola e as dinâmicas de conflito social e político que continuam a influenciar a sociedade moderna.

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