A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 30% da população mundial sofra com miopia e a expectativa é que esse número aumente de forma significativa nos próximos anos.
Alguns estudos apontam que metade da população mundial pode sofrer com o problema até 2050 – e o crescimento da condição está diretamente relacionado com a quantidade de tempo que passamos em frente a telas de smartphones e computadores.
MAS O FUTURO PODE SER MAIS NÍTIDO DAQUI ALGUNS ANOS
Uma equipe de oftalmologistas do Centro Médico Shaare Zedek e do Instituto de Nanotecnologia e Materiais Avançados da Universidade Bar-Ilan, em Israel, desenvolveu um colírio capaz de reparar a córneas e melhorar problemas de visão de curta e longa distância.
A substância foi testada em 10 porcos e ainda está em fase experimental. O colírio utiliza nanopartículas hipereflectivas encapsuladas de 0,58 nanômetros de diâmetro que são colocadas sobre as camadas mais superficiais da córnea, conseguindo modificar seu estado refracional (seu grau). Um nanômetro corresponde a 1 milionésimo de milímetro.
O oftalmologista David Smadja, que lidera a equipe da pesquisa, conseguiu mudar até 2 graus de miopia e de hipermetropia nos olhos de porcos.
“O interessante é que ele não notou mudança na curvatura da córnea dos olhos de porco, modo como fazemos hoje com o laser.
Olhos míopes tem sua curvatura aplanada e olhos hipermétropes, ao contrário, tem elevada”, explica o oftalmologista Paulo Dantas, especialista em córnea e membro do Conselho de Oftalmologia Brasileiro (COB).
O trabalho foi apresentado no último congresso da Sociedade Europeia de Cirurgia Refrativa em Lisboa, no ano passado, mas ainda não foi publicado em revistas científicas.
A previsão é que os testes clínicos em humanos sejam realizados ainda este ano. Caso sejam bem-sucedidos, a expectativa é que o colírio diminua e até elimine a necessidade de óculos.
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A ideia é que o tratamento seja feito por meio de um aplicativo que poderá ser baixado em smartphones. Este aplicativo será capaz de analisar os olhos do paciente, medindo o grau de miopia ou hipermetropia, criando um padrão a laser.
O estudo é inédito, mas não é a primeira vez que a nanotecnologia é utilizada no ramo da oftalmologia.
Já existem estudos, inclusive no Brasil, que utilizam as nanopartículas como substitutas de antibióticos para doenças oculares. “Uma das vantagens é que não dependeria de o paciente cumprir o horário de colocar o colírio.
As nanopartículas seriam injetadas na superfície ocular já no hospital”, explica Dantas.