Tendo em vista a visita do primeiro ministro britânico, David Cameron, à Jamaica, o premier enfrentou chamadas para pagar bilhões de libras esterlinas em compensação pela escravidão e o genocídio perpetrados pelo Reino Unido contra os povos originários, durante a era colonial.
Na Jamaica, dizem que o primeiro ministro britânico é milionário graças à escravidão, já que os antepassados de Cameron tiveram fortes nexos com a escravidão, prática mediante a qual obtiveram riquezas avaliadas em milhões de libras esterlinas.
Os líderes políticos jamaicanos esperam que Cameron ofereça sinceras desculpas pela escravidão da qual foi objeto a ilha, sob o jugo da coroa inglesa, durante séculos.
Também diversos setores exigem que ele aborde o assunto e um compromisso real para trabalhar com a zona na formação de um programa que permita tirar as ilhas caribenhas do atraso socioeconômico em que se encontram.
Cameron, que chegou, na última terça-feira, 29 de setembro, à ilha, para uma visita oficial de dois dias, falou com membros do governo jamaicano e com a primeira ministra, Portia Simpson Miller, bem como com empresários e membros da sociedade civil. Ademais, pronunciou um discurso no Parlamento, antes de empreender sua viagem de volta. No entanto, a agenda de Cameron não contemplou a discussão da demanda caribenha de compensação pela escravidão.
Ainda que não haja cifras oficiais, historiadores envolvidos com o tema estimam que mais de 12 milhões de africanos foram arrancados do seu continente e trasladados para o hemisfério ocidental para serem submetidos à servidão.
A primeira ministra da Jamaica pediu discussões sobre o tema na Organização das Nações Unidas (ONU), em 2013, mas Londres nunca aceitou o caso das indenizações.
O governo inglês se defende das acusações dizendo que a escravidão aconteceu há centenas de anos e que eram outras épocas, com governos diferentes.
A visita do premier britânico ocorreu a poucos dias de começar o debate no Senado de três leis, que permitirão à Jamaica adotar a Corte Caribenha de Justiça como o máximo órgão legal do país, em substituição ao Conselho Privado de Londres.
Se a Câmara Alta aprovar esses textos, então, a ilha antilhana avançará rumo à sua completa independência política da ex-metrópole europeia.