Missão de Direitos Humanos Visita Terras Avá-Guarani e Guarani e Kaiowá Convertidas em ‘Zonas de Guerra’ no Oeste do PR e MS

Organizações, movimentos e parlamentares passam por territórios tradicionais que são alvos de violentos ataques nos últimos dois meses.

Foto: Divulgação/CIMI

Uma missão de Direitos Humanos percorre, entre quarta-feira (11) e sexta-feira (13), terras retomadas pelos Avá-Guarani e Guarani e Kaiowá que estão sendo duramente atacadas nos últimos dois meses. O objetivo da missão é prestar solidariedade aos Guarani, ouvir as comunidades e articular apoio às demandas e direitos humanos desses povos.

As áreas visitadas estão localizadas em territórios reconhecidos como tradicionais pelo Estado, no oeste do Paraná e no Mato Grosso do Sul. Por razões de segurança, devido à presença de autoridades públicas e ambientes hostis à presença indígena, a missão contará com a escolta da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

A missão é organizada pelo Coletivo de Solidariedade e Compromisso com os Povos Guarani, formado por organizações indigenistas e de direitos humanos, movimentos sociais e personalidades públicas, em resposta à emergência humanitária vivida pelos povos Guarani no sul e centro-oeste do país.

Itinerário e Participantes da Missão

A missão começará na quarta-feira (11) com visitas a duas áreas retomadas pelos Avá-Guarani, entre os municípios de Terra Roxa e Guaíra, no oeste do Paraná. Em seguida, seguirá para Dourados, no Mato Grosso do Sul, onde no dia 13 visitará as sete retomadas Guarani e Kaiowá da Terra Indígena Panambi Lagoa Rica.

Estão na missão representantes de diversas organizações, como a Comissão Arns, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), e a Aty Guasu (Grande Assembleia Guarani e Kaiowá). Também participam autoridades do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Ministério dos Direitos Humanos (MDH), e outros órgãos governamentais, incluindo a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

Dentre os participantes, destaca-se Dom Leonardo Steiner, Cardeal Arcebispo de Manaus e presidente do Cimi, além de parlamentares como a deputada estadual Gleice Jane (PT/MS) e o deputado federal Tadeu Veneri (PT/PR). Intelectuais e pesquisadores, incluindo a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, também acompanham a caravana.

Contexto das Áreas Sob Ataque

As comunidades Avá-Guarani e Guarani e Kaiowá, que formam o chamado ‘Povo Guarani, Grande Povo’, enfrentam décadas de violência decorrente de conflitos fundiários e da falta de demarcação de terras indígenas. Desde julho, com o início de uma nova onda de violência, esses povos têm sofrido ataques orquestrados por fazendeiros e grupos de extrema-direita, exacerbados por campanhas de ódio nas cidades durante o período eleitoral.

Os relatos incluem indígenas feridos a tiros, incêndios criminosos, sequestros, e racismo nas comunidades. Mulheres enfrentam ameaças de estupro, e crianças e adolescentes são impedidos de frequentar a escola por medo de represálias. O acesso a alimentos e água potável nas retomadas é dependente de doações, enquanto a situação de saúde é marcada por desassistência e discriminação.

A missão de Direitos Humanos busca não apenas documentar esta grave situação, mas também promover um diálogo e apoio efetivo às comunidades indígenas, reafirmando a urgência de políticas públicas mais robustas para garantir os direitos e a segurança dos povos Guarani.

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