A Finlândia foi considerada o país mais feliz do mundo, pelo 7º ano seguido, segundo o Relatório Mundial da Felicidade realizado em parceria com a ONU. A confiança, segurança, liberdade e transparência, presentes na sociedade finlandesa têm sido essenciais para a satisfação da população. Com oportunidades de negócios e carreira crescentes, o país nórdico tem atraído cada vez mais brasileiros. Atualmente, cerca de 2,4 mil brasileiros vivem no país mais feliz do mundo.
A brasileira Bianca Alves, de 27 anos, se mudou para Finlândia em 2021, depois de conseguir uma vaga como gerente de vendas da América Latina numa empresa de software. No início, ela conta que o clima e as diferenças culturais foram um desafio, mas hoje, já se adaptou e é apaixonada pelo país mais feliz do mundo. “Eu amo morar aqui. Para mim a Finlândia é o país com mais pessoas satisfeitas do mundo, porque os serviços realmente funcionam. O transporte público é excelente, é um país seguro, muito limpo, não existe burocracia e ninguém interfere no seu espaço pessoal e profissional. Os finlandeses também têm uma questão muito forte ligada à confiança”.
Em dezembro do ano passado, Bianca e mais duas amigas criaram uma Associação de Brasileiros no país, com o objetivo de fortalecer a conexão entre a comunidade brasileira. Hoje, com 70 membros oficiais, os integrantes da associação se auxiliam com dicas de roupas de inverno, como entender as estações do ano, onde encontrar alimentos, sobre a comida local, o mercado de trabalho etc.
De origem finlandesa, mas vivendo na América Latina há mais de 20 anos, sendo os últimos três anos em São Paulo, Heidi Virta, diretora da Business Finland para América Latina no Brasil e autora do livro “Como ser mais feliz e se preocupar menos? 10 Pistas da Sabedoria Atemporal”, que será lançado em breve, conhece a realidade dos dois países, e acredita que a Finlândia e o Brasil são felizes de maneiras diferentes. “Na Finlândia, a felicidade se baseia em temas ligados à satisfação social tais como igualdade e confiança entre as pessoas e nas instituições, baixa criminalidade e estreita interação com a natureza. Já no Brasil, penso que a felicidade se baseia em aspectos da socialização como festividades, música, bom humor, os fortes vínculos familiares e as relações de amizade. No Brasil, as pessoas ajudam umas às outras e a generosidade que encontrei aqui é impressionante”, afirma ela.
Natureza
De acordo com o estudo do Finnish Happiness Institute (FHI), quando perguntam às pessoas que vivem na Finlândia o que as fazem felizes, os finlandeses mencionam sempre a proximidade com a natureza e as oportunidades que esta oferece para recreação e relaxamento, bem como o incentivo à criatividade.
“Em uma sociedade que funciona bem, é justa e igualitária, as pessoas podem se preocupar menos e se concentrar em viver a vida. Se sentir em segurança é uma das nossas necessidades primárias, e, se não estivermos seguros, não podemos relaxar e chegar a um estado de cocriação e inovação”, explica Elisabet Lahti, PhD, pesquisadora de psicologia aplicada, autora de “Gentle Power” (2023) e fundadora do Sisu Lab.
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O brasileiro Higuel Norões, 32, é engenheiro naval e está vivendo na Finlândia há quase três anos. Ele conta que é apaixonado por corrida e que poder praticar este hobby em meio a natureza e ver a mudança das paisagens em cada estação é encantador. “As estações do ano são bem definidas. A mudança é notável: as árvores trocam de cor, os pássaros são diferentes, e, claro, a temperatura vai de 25 graus a – 20C. Certas comidas, também só aparecem certas épocas do ano. Andando pela floresta, em junho, é possível comer mirtilo à vontade. Já em agosto, é super comum ir para os parques colher cogumelos. Todo mês tem algo diferente para apreciar. Há muitas belezas naturais por aqui e isso faz bem pra mente e pro corpo”, descreve ele.
Emma Seppälä, Ph.D., professora de Yale e autora de “The Happiness Track” (2015) e “Sovereign” (2024) é especialista na ciência da felicidade e conta que se quisermos ser mais criativos, precisamos ter conscientemente momentos de relaxamento no nosso dia. “Para as pessoas que vivem na Finlândia, o contato com a natureza, a sauna e o estilo de vida anti-stress estimulam a inovação”.
Colaboração
Como uma das economias mais competitivas e abertas do mundo, a Finlândia oferece uma plataforma de lançamento para as empresas. “O estilo de vida anti-stress também influencia a cultura de trabalho finlandesa. A Finlândia é um país de hierarquias baixas e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional é altamente valorizado. Quando as pessoas vêm aqui, elas também têm acesso a um estilo de vida bastante único. Dou as boas-vindas a indivíduos, bem como a empresas, à Finlândia para colaborar com a Finlândia e para explorar a felicidade finlandesa. Gostamos de pensar que a felicidade é boa para os negócios e que funcionários felizes são funcionários produtivos”, revela Johanna Jäkälä, diretora-executiva da Finland Promotion Services da Business Finland.
Para Heidi, o interesse das empresas finlandesas em construir relações com o Brasil está no auge e atualmente elas empregam cerca de 15 mil brasileiros. “Observamos também um aumento na presença de empresas brasileiras na Finlândia, Suzano e Beontag são exemplos de empresas brasileiras instaladas no país nórdico. Além disso, o Brasil passa por um momento muito importante no cenário mundial ao sediar os eventos do G-20 durante o ano de 2024 e a COP-30 em 2025. O Brasil tem todas as condições para se consolidar como um líder na economia verde e estamos muito felizes em trabalhar juntos na transição verde.”, completa.
Relatório Mundial da Felicidade
The World Happiness Report (Relatório Mundial da Felicidade), foi criado pelo sociólogo Luis Gallardo, em 2012. Presidente da Fundação Mundial da Felicidade (World Happiness Foundation), o espanhol é responsável por definir os critérios levados em consideração na hora de analisar quais os lugares mais felizes do globo. O estudo, que conta com o apoio da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da ONU, é realizado anualmente e leva em consideração uma série de fatores de 143 países.
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