Por Jefferson Corredor Uyaban – Opinião
O fascismo é um fenômeno histórico intimamente ligado ao período entre guerras, que atingiu o seu auge nas décadas de 1930 e 1940 com os regimes da Alemanha nazi e da Itália fascista. Estes representavam diferentes projectos de “regeneração” das suas nações e, entre os seus elementos constitutivos, contavam-se não só o nacionalismo exacerbado, mas também a prática de uma violência política genocida contra o comunismo e a liberdade de expressão.
Atualmente, a extrema-direita está a crescer no mundo, diferindo do fascismo clássico pelo facto de não exigir uma nova ordem política e não ameaçar a existência das instituições da democracia liberal-burguesa. Este tipo de novos partidos, também designados por nacional-populistas, como a Frente Nacional de Marine Le Pen em França, o Vox de Santiago Abascal em Espanha ou a Liga de Matteo Salvini em Itália, não procuram estabelecer partidos únicos ou regimes totalitários como os seus antecessores do século XX.
No caso da América Latina, a extrema-direita tem as suas expressões, como se viu no passado no Brasil com Jair Bolsonaro e atualmente na Argentina com Javier Milei e em El Salvador com Nayib Bukele. Todos eles utilizaram estratégias mediáticas questionáveis para promover as suas agendas políticas neoliberais e violar os direitos humanos. Na Colômbia, alguns jornalistas alinhados com estas ideologias utilizaram alegadamente informações obtidas através do software Pegasus para aumentar a polarização, o medo e a desinformação no país.
É importante referir que esta nova extrema-direita colombiana provém de uma elite que emergiu de sectores fundiários ligados ao paramilitarismo e ao narcotráfico, que nos últimos meses tem vindo a levar a cabo um golpe de Estado suave, através do recurso ao lawfare (guerra legal) contra Gustavo Petro, a sua família, o seu governo e as reformas sociais. O principal objetivo é criar um clima de instabilidade política na Colômbia, que poderá mesmo conduzir a um assassinato.
Embora os meios de comunicação social hegemônicos sejam testemunhas do que está a acontecer, as suas narrativas mediáticas procuram retratar Petro como um ditador, ao mesmo tempo que apresentam a extrema-direita como os defensores e salvadores da democracia.
A diferença entre estas novas extremas-direitas e o fascismo clássico não significa que não possam consolidar o seu projeto democrático a médio prazo. Por isso, os movimentos sociais e políticos devem articular uma agenda de mobilização internacional, que pode ser enquadrada na recém-criada Internacional Anti-Fascista, Anticolonialista e Antiimperialista, que surge como uma resposta necessária a este cenário e que irá travar o avanço dessas forças reacionárias.
Tudo isso representa a cristalização da luta de classes. As elites que apoiam esta extrema-direita procuram manter os seus privilégios e, por isso, o Partido Comunista Colombiano defenderá, através da mobilização, os avanços do Governo de Mudança.
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*Jefferson Corredor Uyaban é integrante del Comité Ejecutivo Central del PCC
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