Últimas palavras de Rafael Nahuel jovem mapuche que foi morto em Argentina foram “Não me entreguem ao homem branco”

Foto: Reprodução

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Forças de segurança federais de forma brutal com balas de chumbo invadiram na tentativa de retomada de posse a Mapuche do Lof Lafken Winkul Mapu deixando vários feridos e ocasionando a morte de um jovem de 22 anos.

O território, perto do Lago Mascardi, foi recuperado há algumas semanas e na quinta feira já havia sofrido uma tentativa de posse onde mulheres e cinco crianças com a idade de 1 a 10 anos haviam sido presas

Em resposta as noticias divulgadas pela midia ligada ao governo que alegam que houve confronto com o povo Mapuche Soraya Maiconõ disse: “Como pode dizer que Rafael confrontou a policia se o tiro que o levou a morte o atingiu pelas costas enquanto subia a montanha na intenção de se proteger e proteger o seu povo na terra que pertence ao povo Mapuche desde seus ancestrais? 

Ontem, a família aguardava o corpo para começar eluwun, o rito funeral Mapuche, que dura vários dias e será realizado na casa do jovem no bairro Nahuel Hue de Bariloche, de acordo com uma declaração da comunidade Lafken Winkul que reivindica Rafael como um weichafe, um guerreiro. “Nós não sabemos quando o corpo será entregue, uma autópsia deve ser realizada para esclarecer como ele morreu”, concluiu Maicoño.

Quem era Rafael Nahuel?

Alejandro Palmas, do Coletivo Al margen, que Nahuel participava, disse emocionado e com muita tristeza que Rafael Nahuel era um jovem  de 22 anos que participava de um projeto social que ensinava carpintaria as crianças carentes da região lá compartíamos o almoço, tinhamos oficinas de musica, tear mapúche e boxe….

Me lembro em uma ocasião que fomos esquiar no Cerro Catedral e Rafa era fascinado por esqui e nesse momento conversávamos que se tivessemos oportunidade seríamos instrutores e ajudaríamos as crianças necessitadas da região, apartir dai começamos a nos dedicar mais na comunidade.

Rafa era propositivo, sempre sorrindo colaborava com todos, e principalmente com as crianças. De orígem Mapuche se diferenciava dos demais jovens pois sentia orgulho de ser Mapuche nunca teve vergonha do seu sobrenome”

Alejandro também afirma: “Nossa comunidade é pacifica tudo o que querem é criar animais, plantar e voltar ao estilo de vida ao campo nas terras que são nossas e de nossos ancestrais por direito. Por isso a ideia de um enfrentamento relatado por Clarín e La Nación é mais uma notícia produzida pelos meios de comunicação ligados aos estado que tentam justificar a morte de Rafael.

Estamos convencidos que as forças policiais de segurança atiram pois as mulheres que foram detenidas na quinta feira denunciaram e sofreram a mesma situação

A noite Alejandro junto com organismos de direitos humanos, gremios e povos originarios estiveram na porta do hospital para saber o que havia ocorrido com os outros feridos.

Em Bariloche ainda á muita força de segurança na estrada que liga Mascardi a Bariloche na zona Mapuche, vimos polícia federal, orgãos da prefeitura, policia municipal, polícia estadual, infantaria com escudos além de caminhões, helicópteros, barreiras cortando a estrada, pedindo documentos, verificando os carros.

Ferrnando Fernández Herrero, um assistente social em Bariloche que trabalha com jovens, Nahuel conheceu o enquanto ele estava fazendo a “Curso de construções”,

“Rafita”, como o chamava acostumava trabalhar em diferentes negócios, de acordo com Fernando  ele era“magro, pequeno, sempre vestido com camiseta do Boca. Ele não era um “delinquente”, ou um “Mapuche violento“, terminou Fernando.

A advogada Sonia Ivanoff, informou que duas pessoas são detidas e incomunicáveis à disposição do juiz que são Fausto Jones Huala e Lautaro Alejandro González. Ivanoff disse que o juiz tinha negado que havia detidos mas ela mesma verificou com a Polícia de Segurança do Aeroporto (PSA) as duas prisões. “É muito importante conhecer seus nomes porque eles podem ser testemunhas em que circusntâncias Rafael Nahuel morreu”

O governo desde 30 de agosto do ano passado, lançou uma nota criticando, dizendo que os Mapuches tentam impor suas idéias pela força e que são perigosos.

Peço que todos que viram em que circunstâncias eles mataram Rafael não se omitam por medo, mas que falem pois iremos protegê-los.concluiu Ivanoff

Ultimas palavras de Rafael quando estava ferido ao amigos que tentavam fugir e se protegerem foi “‘Não me entreguem ao homem branco, não percam o foco, não se acovardem continuem lutando pela nossa terra”

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