A atual situação do rio Paraguai revela a crise hídrica extrema que a região do Alto Paraguai passa. Pelo segundo ano consecutivo, o nível no rio, que normalmente inunda e drena grande parte da planície pantaneira, permanece significativamente abaixo da média.
Apesar do período de estiagem estar apenas no começo, o trecho do rio Paraguai na cidade de Ladário (MS), que costuma superar os 4 metros de altura neste período do ano, está com apenas 1,34m. O valor é obtido através de medições feitas pela Marinha do Brasil. No gráfico abaixo, compara-se a média de nível do rio entre 2016 e 2020 com o seu nível atual, em 2021. Infelizmente, a tendência é atingir níveis ainda mais baixos até outubro, quando normalmente termina o processo de vazante.
Por Alíria Aristides
A atual situação do rio Paraguai revela a crise hídrica extrema que a região do Alto Paraguai passa. Pelo segundo ano consecutivo, o nível no rio, que normalmente inunda e drena grande parte da planície pantaneira, permanece significativamente abaixo da média.
Apesar do período de estiagem estar apenas no começo, o trecho do rio Paraguai na cidade de Ladário (MS), que costuma superar os 4 metros de altura neste período do ano, está com apenas 1,34m. O valor é obtido através de medições feitas pela Marinha do Brasil. No gráfico abaixo, compara-se a média de nível do rio entre 2016 e 2020 com o seu nível atual, em 2021. Infelizmente, a tendência é atingir níveis ainda mais baixos até outubro, quando normalmente termina o processo de vazante.
Segundo o Boletim Semanal de Monitoramento da Bacia do Rio Paraguai, do Sistema de Alerta Hidrológico (SAH Paraguai), no dia 16 de julho a estação de Cáceres (MT) atingiu 78 cm. O valor é próximo aos menores já observados durante este período do ano, com série histórica de dados coletados desde 1965.
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Além do impacto para atividades como pesca, turismo e navegação na região, o cenário gera preocupação por também propiciar o alastramento do fogo. Em 2021, o Pantanal vai para o terceiro ano sem cheias consistentes. Como as águas não chegaram a alagar a planície, surge uma extensa área de vegetação com imenso potencial combustível para os incêndios. Além disso, o trabalho de contenção do fogo pode ser prejudicado em regiões onde os corixos, canais e baías estão sem água ou trancados por vegetação, impedindo a chegada de brigadistas para combater as chamas.
Em 2020, os incêndios destruíram 4,3 milhões de hectares do Pantanal na sua porção brasileira, cerca de 30% da região. Segundo estudo realizado pelo Ministério Público Federal em parceria com os Ministérios Públicos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, dos 286 pontos de ignição dos incêndios no Pantanal no ano passado, 69,75%, ocorreu em áreas de vegetação rasteira e pastagens, comuns a propriedades rurais, em decorrência de ação humana. Os incendiários contaram também com o clima muito seco para alastrarem o fogo.
Neste ano os incêndios no Pantanal aumentaram a partir de julho. Ainda assim, o número de focos de incêndio no Pantanal brasileiro é menor em comparação com o mesmo período do ano passado. Até o dia 23 de julho, foram registrados 406 focos de incêndios, de acordo com dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Já durante julho do ano passado, foram 3734 focos de incêndio.
O menor número de focos de incêndios em 2021 se deve ao fato de que abril, maio e junho de 2020 foram excepcionais por várias razões, a começar pelas condições climáticas e falta total de trabalhos de prevenção. Nas últimas semanas, a queda de temperatura na região do Pantanal também auxiliou na redução das chamas.
Entretanto, medidas de prevenção para evitar o cenário devastador do ano passado estão sendo fundamentais para o controle dos focos de incêndio. Entre as ações tomadas, merece destaque o reforço da linha de frente de combate às chamas com treinamento e formação de brigadas comunitárias para agir na contenção das chamas.
Historicamente, a Ecoa atua com o Prevfogo/Ibama na formação de brigadas em regiões estratégicas. Essa formação se mostrou fundamental em vários momentos no ano passado – são 13 brigadas formadas até agora e outras deverão estar a postos até o final de 2021. Para este trabalho, a Ecoa contou em 2020/21 com o apoio do World Wildlife Found Brasil (WWF). Em 2021, fez acordo com a SOS Pantanal para recapacitação de duas brigadas (APA Baia Negra e Porto Esperança) e o fornecimento de equipamentos essenciais como motobombas. Vale o registro que a SOS tem trabalhado para formação de algumas brigadas em fazendas, uma iniciativa também estratégica.
O combate a incêndios é um trabalho permanente da Ecoa, tendo como base a prevenção, a educação ambiental e a formação de brigadas comunitárias, essenciais pois conseguem ter menor tempo de resposta para controlar o fogo.
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Precisamos muito do seu apoio para o trabalho de defesa do Pantanal, na conservação e busca do desenvolvimento sustentável. Em 2020, muitos ajudaram a Ecoa a estar na linha de frente contra os incêndios, por exemplo. Esperamos contar com v