Investigado na CPI da Covid por integrar um suposto gabinete paralelo no governo, o empresário Carlos Wizard afirmou, em maio do ano passado, que recebeu a missão do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello de acompanhar contratos públicos para a compra de medicamentos. Na época, Wizard prometeu “forrar o Brasil” com fármacos como a hidroxicloroquina. De acordo com ele, a ideia era usar o remédio, que se mostrou comprovadamente ineficaz contra a Covid-19, na fase inicial da doença.
— A missão que o general me passou foi de acompanhar os grandes fornecedores, os grandes contratos, porque você sabe que o orçamento do Ministério da Sáude é um dos maiores da União, cerca de R$ 150 bilhões. Logo, logo você vai ver que o Brasil vai ser forrado de medicamentos, na fase ainda inicial do tratamento, cloroquina, hidroxicloroquina, ou seja, alguns fornecedores são nacionais, mas tem muita coisa que não é fabricada no Brasil e dependemos de fornecedores estrangeiros — disse Wizard, em entrevista à Revista IstoÉ.
Com a chegada de Pazuello ao ministério da Saúde, em abril do ano passado, Wizard se tornou conselheiro sem remuneração no governo. O empresário foi peça-chave para negociar a compra de insumos para a produção da cloroquina e hidroxicloroquina, importados da Índia, lidando com a burocracia. Questionado sobre o assunto, ainda em 2020, ele negou qualquer rumor de que o negócio tenha sido feito por intermédio de suas empresas. “Nós vendemos pizza”, brincou.
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O curto período na posição de conselheiro terminou de maneira abrupta em junho do ano passado, justamente quando o empresário foi convidado para ocupar um cargo efetivo no ministério, na Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Ele recusou a oferta.