Você sabia que 5,3 bilhões de usuários estão conectados à Internet em todo o mundo, no entanto, o número de dispositivos ultrapassa os 30 bilhões? Esse fenômeno ocorre devido às diversas aplicações do conceito de Internet das Coisas. O tópico foi abordado nesta quinta-feira (19) durante o 20º Congresso Latino-Americano de Software Livre e Tecnologias Abertas (Latinoware), que acontece em Foz do Iguaçu.
A especialista em automação industrial, Gedeane Kenshima, compartilhou que essa discrepância entre o número de usuários e dispositivos acontece porque notebooks e smartphones estão sendo cada vez mais acompanhados por outros aparelhos, como televisores, eletrodomésticos, máquinas e até cafeteiras elétricas.
“Qualquer coisa pode se conectar à internet, desde que tenha acesso à rede e um sistema embarcado. Fiquei surpresa com esses números quando estava preparando minha palestra, pois geralmente focamos muito no ambiente residencial. Temos diversos exemplos além disso, como drones na área agrícola e equipamentos na área industrial. E a evolução está acontecendo rapidamente”, explicou Gedeane.
Ela também apresentou as inúmeras possibilidades da Internet das Coisas em áreas como medicina, mencionando, por exemplo, o desenvolvimento de robôs cirurgiões, assim como na indústria, abordando questões como controle de estoque e gestão de energia, e no campo dos esportes, onde a análise de desempenho de atletas e a instalação de sensores em bolas e equipamentos se destacam. Nas cidades inteligentes (smart cities), as oportunidades também são vastas, beneficiando setores como gestão e tráfego, entre outros.
Embora a IoT tenha facilitado muitos aspectos, Gedeane alertou sobre a necessidade de profissionais para atender a essa crescente demanda, enfatizando a importância de especializações e atualizações constantes na área. Esse interesse pode ser despertado desde a infância. “Ser um usuário é uma coisa, mas desenvolver é ainda mais gratificante. É importante que os pais incentivem as crianças a explorar essas conexões também”. Para isso, ela apresentou ao público as principais plataformas para integração de hardware e software para conectividade, como o Arduino, ESP8266 e ESP32.
Robótica Sustentável
Caixas de papelão, garrafas pet e aparelhos eletrônicos, que são materiais geralmente tratados como lixo, ganham imensa utilidade no projeto Robótica Sustentável. A iniciativa foi idealizada pelo professor André Cardoso nas salas de aula de escolas de Fortaleza (CE) em 2016, e seis anos depois, em 2022, se transformou em um instituto sem fins lucrativos.
De acordo com o professor, os resíduos eletrônicos podem ser reaproveitados como matéria-prima para, por exemplo, a confecção de robôs, além de auxiliar no processo de educação tecnológica, trazendo impactos econômicos, ambientais e sociais para escolas e comunidades. ”Para nós, o resíduo não é lixo. É um tesouro”, explica.
Os projetos envolvem ações de educação, com a promoção de oficinas nas áreas da mecânica, eletrônica e programação, além de atuar em outros dois pilares da sustentabilidade: ambiental, evitando o acúmulo de resíduos e o descarte incorreto na natureza, e social, dando novas perspectivas aos participantes.
Os participantes puderam conhecer de perto, um exemplo do trabalho de André Cardoso: o simpático Dino Cleiton, um dinossauro feito de papelão com sensores e alto-falantes.
Latinoware
A programação do Latinoware segue esta sexta-feira (20), com a abordagem de diversas temáticas, incluindo segurança cibernética, ilustração, design, empreendedorismo, negócios, hardware livre, Internet das Coisas, educação, robótica, inteligência artificial e neurodiversidade. Além disso, o evento sedia um hackathon – maratona tecnológica – focada no combate à fome e à redução do desperdício de alimentos.
Algumas atividades estão sendo transmitidas gratuitamente no canal do Youtube: https://www.youtube.com/@LatinowarePlay. A programação está disponível em https://grade.latinoware.org/index.php/program/day/170