Hoje sai a votar

Foto: Reprodução

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Por Amilton Farias – Opinião

Sendo homem, votei pelas mulheres, (afinal de contas nasci de uma linda negra) para que elas sejam parte dessa sociedade com todos seus direitos garantidos e livres da morte, (no Brasil a cada 2 horas uma mulher e assassinada), elas são maioria no país.

Sendo hétero, saí a votar pela comunidade LGBT, para que eles tenham todos os direitos civis e sociais garantidos, e para que vivam (o Brasil e o país do mundo que mais matam gays).

Como negro que sou, saí a votar, foi com sangre e luta que nos livramos das correntes que nos aprisionavam nos navios negreiros, e daqueles que nos vendiam com base na nossa arcada dentária. Hoje continuamos lutando pela vida, e contra a truculência desse estado opressor.

Votei pelo meio ambiente, pelo Amazonas, pelas riquezas naturais, pelos rios, pela flora e fauna.

Votei pelos imigrantes, assim como eu, descendente de judeus/holandeses por parte de pai, que vieram nos navios fugindo da guerra, e se sentiram seguros no Nordeste, aliás, todo brasileiro é descendente de alguém que chegou aqui fugido das guerras, ou apenas em busca de oportunidades. Um Salve aos Nordestinos.

Votei pela mãe terra, para que o pequeno agricultor continue produzindo o nosso alimento. (Mais de 70% do alimento da nossa mesa vem do pequeno agricultor) e como parente dos aconãs e tupinambás votei pela demarcação indígena, e pelo direito a terra.

Pelos jovens dei o meu voto, para que eles tenham possibilidade de serem um dia adultos (o Brasil é um dos países que mais assina jovens negros e pobres)

Deixei de votar pelas armas e votei pela educação livre, inclusiva, e como diz minha amiga, a extraordinária Marina Silva: por uma educação geradora de oportunidades.

Como pastor votei pelos espíritas, muçulmanos, católicos, evangélicos, budistas e ateus. Pela liberdade dos que creem e dos que em nada creem. Inclusive pelos fundamentalistas, cheios de ódio, que se consideram donos da verdade absoluta.

Sendo Jornalista votei pela democracia e contra a censura, pela liberdade de expressão e pelo direito ao contraditório, de poder falar e lutar por aquilo que é direito constituído. Votei contra a barbárie e o fascismo.

Como militante dos direitos humanos, seguirei, onde viver, defendendo a justiça social, para os homens, mulheres, jovens e idosos, os direitos trabalhistas das trabalhadoras e trabalhadores.

Como brasileiro votei para que eu, e todos, sigam sendo o que são, ou o que querem ser. Crendo no que querem, e no que não querem crer. Cada um seguindo sua própria consciência. E que nenhuma ameaça feita publicamente por um candidato ou pelo estado, nos calará.

Enfim, deixo registrado que no dia de hoje 28/10/2018 o fascismo e a ditadura decidiram retornar ao meu país e eu democraticamente votei contra, votei #ELENÂO.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor (a) e não refletem necessariamente a política editorial do Fronteira Livre

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