Por Stallone Ribeiro – Opinião
China pôs Jair de Castigo
Em 2021 nada é mais importante do que as Vacinas contra a covid-19. Depois de meses em isolamentos, distanciamentos, lockdows e fakenews sobre os mais diversos assuntos, hoje temos a grata maturidade de enxergar nas Vacinas a única e mais rápida solução à pandemia global.
Dessarte, é importante resgatar a concepção de DIT – Divisão Internacional do Trabalho onde os países se relacionam sob hierarquia de tecnologias, industrialização, capital financeiro, matérias-primas, produções e consumos. Podemos denominar que a Geopolítica é o ícone concreto desta relação de ordem e interdependência entre os países.
Na DIT e Geopolítica atual, o Brasil ainda é classificado como país periférico, subdesenvolvido e emergente por fornecer matérias-primas, energias, alimentos in natura e reproduzir tecnologias importadas. Tem sua importância mundial pela quinta maior população, mercado consumidor em expansão e destaques industriais em alguns segmentos. Contudo, não estamos mais no século XX nem nas décadas de 1950 a 1980 de Guerra Fria onde temíamos o apocalipse nuclear ou sanções econômicas. Assim, o resgate e reprodução de ideologias do mundo bipolar não cabem no mercado global atual.
Em contraponto, a China é o país que mais cresce economicamente do mundo há mais de meio século e apesar de viver um socialismo de mercado, é um país central na economia global, pois tem indústrias transnacionais dentro e fora de seu território, consome e produz tecnologias de alto valor agregado e fundamentais para todos os continentes. O “dragão asiático” movimenta o mundo moderno e em duas décadas será a maior economia global.
Em exemplo, China é hoje a principal produtora e fornecedora do IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) para produzir Vacinas no mundo todo.
Diante desta comparação econômica, o Brasil é leve e a China peso pesado na geopolítica global. Por isso as ofensas que alguns políticos brasileiros fizeram aos chineses, além de gerar desconforto diplomático, ameaçar o comércio bilateral e ameaçar o agronegócio brasileiro com procura da China por outros fornecedores, agora em 2021, o Brasil depende dela para obter as Vacinas vinculadas aos institutos Butantã e Fiocruz.
Como o Butantã tem como principal mantenedora o governo do Estado de São Paulo, cujo governador João Doria, ex aliado de Jair B. nas eleições de 2018 e hoje já rivaliza com o presidente J.M. Bolsonaro em prévias a 2022, a China liberou desde Janeiro, várias toneladas de IFA para produção da Vacina Coronavac. Em contrapartida, o Instituto Fiocruz (RJ), visto como principal aposta do governo federal para fornecer Vacinas Oxford/Astrazeneca, também precisa de IFA chinês e ainda não recebeu o primeiro lote do insumo.
Usando ciência e paciência, a China degusta uma situação comparada ao “Big Stick” do Corolário Roosevelt e tem o Brasil submisso:
“Sê o governo profissional sem afrontas eleitoreiras, ou fica sem IFA!”
A China pôs Jair de castigo!
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