Por Glaucia Medrado
Cada personagem nesse cenário possui um papel bem definido e sua importância.
Você que tem filhos em idade escolar pode já ter se questionado em como ajudá-los em suas tarefas. Estamos envolvidos em um contexto diferenciado que nos privou do contato mais próximo com uma rotina conhecida. Essa situação impactou a todos, porém é desejável que possamos extrair dela um novo significado para nossas atitudes futuras.
Sendo assim, o primeiro passo para ajudar é compreender. Neste momento, há um grande impeditivo para se retomar a antiga rotina: a pandemia, traduzida em um vírus que ainda pouco se conhece. Existem vacinas, porém o acesso ainda não é para todos. A vacina, importante instrumento para conter o avanço cada vez maior de contaminação, não será cura-tudo universal, ainda assim, precisamos fazer nossa parte e isso significa investirmos em medidas de prevenção adequadas, higienizarmos os ambientes, lavarmos as mãos e utilizarmos a máscara do jeito correto ainda que pareça vivermos tempos que se estendam sem solução.
A criança aprende principalmente pelo exemplo, não só pelas palavras. Então, se ela compreender que neste momento há um motivo claro para não ir à escola, apesar de frustrar-se, o fará. Neste sentido, a frustração também trará ensinamentos, sobretudo porque nem sempre os acontecimentos da vida, se realizarão conforme desejamos, então, aos adultos, lamentar pelo antigo normal, não ajudará as crianças a compreenderem que apesar dessa situação ser muito desagradável, teremos de passá-la, juntos.
Um outro aspecto se refere à escola, aos professores e professoras que permaneceram trabalhando, mas de outro modo. Cada vez que vocês, pais, compreendem essa mudança na interação e valorizam o profissional da Educação mostram aos seus filhos a parte que cada um é capaz de fazer nem sempre condizente com o que se queria, mas a parte possível.
Compreendendo esses pontos, a atuação nas tarefas escolares continuará trabalhosa, porém, os objetivos estarão mais claros. As dificuldades em lidar com essa situação permanecerão, mas, nós, adultos, é quem devemos amparar e dar suporte às crianças. Se estivermos firmes, transmitimos segurança e apoio.
A casa não é a escola por mais que se deseje reproduzir o mesmo ambiente. E os pais ou responsáveis também não representam para a criança a figura que ela conhece como sendo a professora ou professor. E não há problema nenhum nisso. Cada personagem nesse cenário possui um papel bem definido e sua importância.
É claro afirmar que a escola proporciona um maior leque de estímulos à aprendizagem, a interação com indivíduos da mesma faixa etária é muito rica e colabora para que de modo horizontal o conhecimento seja construído.
Também acontece um outro fenômeno muito interessante nessa interação, pois, apesar de muitas crianças estarem na mesma faixa etária, o momento de aprendizagem, não é igual para todos porque ninguém aprende do mesmo jeito, na mesma velocidade e, isso proporciona um estímulo natural de saída daqueles conteúdos já assimilados e acomodados para outros que vão exigir um “salto” e, assim, uma nova aprendizagem.
Para as crianças que continuam estudando em casa, existem algumas orientações bem pontuais que facilitam esse manejo e contribuem para que o período de distanciamento social não seja visto como improdutivo no que se refere ao desenvolvimento cognitivo da criança.
Por mais que sua rotina seja intensa, é preciso reservar um tempo para fazer a tarefa com seus filhos e isso precisa ser diário. Por que? Porque ao destinar um período mesmo curto para estudar, você ajudará a implementar uma rotina e isso favorecerá a dedicação e a concentração. Então, não adianta reservar manhãs ou tardes inteiras para colocar em ordem as tarefas atrasadas. Não vai funcionar. Reserve, se possível, uma hora, no máximo. Estabeleça, começo, meio e fim e, dentro desse período faça a atividade.
O cantinho para estudar é aquele que você conseguir providenciar, em suma, mesa e cadeira. Para melhor aproveitamento do tempo, separe todo material que será preciso para aquela tarefa e combine antes de começar com a criança o momento de parar, descansar um pouco, ir ao banheiro.
Evite distratores: televisão ligada, música alta, pessoas falando alto dentro de casa e também, os alarmes do celular apitando a todo o tempo. Nem a criança e nem o adulto usa o aparelho para responder as mídias sociais. E, ainda, ajudar não é fazer pela criança, estimule-a, perguntando, e se ela estiver com dificuldades para escrever, use uma folha em branco escrevendo o que ela precisa saber para que ela pratique a escrita em seus cadernos, livros ou apostilas.
Certa vez, aprendi com uma grande professora, minha mãe, uma importante lição: elogie quando perceber o esforço da criança, o avanço ainda que pequeno, mostre a ela que tem capacidade de aprender, pois todo mundo aprende.
*Glaucia Medrado é psicopedagoga, professora, mestre em Educação e apaixonada pela aprendizagem.
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