Ministro chinês afirma que poder de transmissão se fortalece e que a cifra de casos deve continuar subindo. Doença já matou 81 pessoas e infectou quase 3 mil.
A Comissão Nacional de Saúde da China informou nesta segunda-feira (27/01) que o novo coronavírus já causou 81 mortes entre as quase 3 mil pessoas infectadas.
As autoridades de saúde já monitoraram mais de 32 mil pessoas que estiveram em contato próximo com algum dos infectados, e mais de 30 mil permanecem em observação. Há casos confirmados também em Hong Kong, na Tailândia, nos Estados Unidos, na Austrália, no Japão, na Malásia, em Cingapura, em Taiwan, na França, na Coreia do Sul, no Vietnã, no Canadá e no Nepal.
Em entrevista coletiva neste domingo, o ministro da Comissão Nacional de Saúde da China, Ma Xiaowei, disse que o novo coronavírus pode se espalhar antes mesmo de aparecerem os primeiros sintomas.
O ministro afirmou que o tempo de incubação do coronavírus pode variar de 1 a 14 dias e que o vírus é contagioso durante o período de incubação, o que não era o caso da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), um coronavírus que se originou na China e matou quase 800 pessoas globalmente entre 2002 e 2003.
Segundo Ma Xiaowei, a capacidade de transmissão está se fortalecendo e, por isso, o número de infecções pode continuar aumentando. Ele, entretanto, ressaltou que o conhecimento das autoridades sobre o novo vírus ainda é limitado e que não existe clareza quanto aos riscos decorrentes de possíveis mutações do vírus.
O ministro disse ainda que os esforços para contenção dos contágios, que já incluem restrições de transporte, viagens e o cancelamento de grandes eventos, serão intensificados pelas autoridades. O feriado do Ano Novo Lunar foi prolongado até 2 de fevereiro, para desencorajar as pessoas a viajarem.
As autoridades chinesas informaram que estão começando o desenvolvimento de uma vacina contra o novo coronavírus, tendo isolado com sucesso uma cepa do vírus. O diretor da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, deve visitar Pequim nesta segunda-feira (27/01) para discutir a situação.
A região de Wuhan encontra-se em regime de quarentena, situação que afeta 56 milhões de pessoas. Desde quinta-feira passada, mais de uma dezena de cidades da província de Hubei suspenderam os serviços de transporte como medida para evitar a propagação do vírus.
Wuhan está em confinamento virtual há dias. Trens e voos para dentro e fora da cidade no leste da China foram cancelados, e postos de controle foram estabelecidos ao longo das principais rodovias. No domingo, as autoridades proibiram o uso da maioria dos veículos no centro da cidade e disseram que 6 mil táxis serão disponibilizados, caso as pessoas precisem se locomover. As autoridades estão incentivando os cidadãos a ficarem em casa.
A Mongólia, que faz fronteira com a China, decidiu fechar os pontos de travessia rodoviária para evitar a propagação do novo coronavírus. As ligações ferroviárias e aéreas ainda estão abertas.
Proibição de animais selvagens
As autoridades chinesas anunciaram ainda neste domingo que o país proibiu indefinidamente o comércio de animais silvestres em mercados, supermercados, restaurantes e em plataformas de comércio eletrônico. A fonte do vírus foi atribuída a um mercado de frutos do mar que vendia ilegalmente animais silvestres.
Lugares que criam animais selvagens foram colocados em quarentena, e o transporte de animais selvagens também foi proibido.
Várias províncias chinesas proibiram as viagens para outras regiões. Em Xangai, as autoridades impediram os navios de cruzeiros de entrar e sair de seu porto.
Retirada de estrangeiros
A embaixada dos Estados Unidos em Pequim anunciou neste domingo que o avião fretado que chegará na terça-feira para transportar cidadãos americanos para fora de Wuhan, a cidade no centro do surto, terá capacidade limitada e a prioridade será para aqueles “com maior risco” em relação ao vírus.
A ministra da Saúde da França, Agnès Buzyn, disse que o país também removerá cidadãos franceses da região de Wuhan. O avião voará diretamente para a França, com o aval das autoridades chinesas.
Um novo caso de coronavírus foi confirmado nos EUA, na Califórnia, sendo o quarto registrado no país, segundo os serviços de saúde americanos. O paciente é uma pessoa que tinha estado em Wuhan.
Os sintomas do novo coronavírus, provisoriamente chamado 2019-nCoV pela Organização Mundial da Saúde (OMS), são em muitos casos semelhantes aos de um resfriado, mas podem ser acompanhados de febre e fadiga, tosse seca e dificuldade para respirar.