Entrevista: Plínio do Rap

Uma musica do facção me despertou pro mundo do Rap, abriu minha mente, pelo fato de ser um moleque da periferia

Fronteira Livre: Em primeiro lugar um salve aos manos e minas e quero agradecer ao Plinio do Rap que é o nosso entrevistado de hoje, Bom em primeiro lugar gostaríamos de saber como foi seu contato com o movimento Hip Hop?
Plinio do Rap: Um salve a todos, bom tudo começou com meu irmão mais velho, no principio não gostava pelo fato que não entendia aquele monte de palavras rápidas falada em cima de uma batida, ele ligava as fitas tape de facção Central, Racionais, Sabotage e 509-E entre outros da época, a principio eu era igual a muitos, escutava mais não entendia as letras, ai uma musica do facção me despertou pro mundo do Rap, abriu minha mente, pelo fato de ser um moleque da periferia,  as letras pareciam que em alguns instantes falava da minha vida, falava o que eu estava vivendo, não completamente toda a letra, mais alguns trechos, ai então comecei a ser mais um ouvinte de rap, aquilo foi virando um vicio, todo dia tinha que ter um rap em casa rolando no som, meu pai não gostava desligava o som e falava que era musica de marginal, mais aquilo foi virando um ciclo vicioso, quanto mais eu era proibido, mais eu gostava de ouvir.

Uma vez na gincana da escola tinha que alguém cantar e ninguem quiz, chamei o líder e me ofereci para cantar, ai com isso incentivei mais um amigo e uma amiga e cantamos “Não pedi pra nascer” do Facção Central, e ganhamos graças a musica um passeio nas Cataratas do Iguaçu, ai  ví que levava jeito com a musica, sempre tava em eventos na favela.

Em 2013 fiz o rap da empresa C.Vale e agradei, arranquei gritos e pulos dos colegas de trabalho então, me envolvi de corpo e alma na parada do rap. Comecei a compor minhas proprias musicas, o rap que fiz para a  C.Vale , me fez aparecer nas paginas de jornais e revistas da minha cidade Eldorado-MS e Palotina -PR.

Em 2014 fui cantar na zona leste de São  Paulo em uma casa noturna e agradei uma massa, com meu estilo, e me senti mais fortalecido no cenário do Rap.


Fronteira Livre: 
Quais foram suas influências no universo musical?
Plinio do Rap: Olha eu gosto de Facção Central, Racionais, Sabotage e 509-E, Eminem, Pepeu, Mandamentos da Rua, Ataque Sonoro,  Jay-z, também um grupo de rock que é Detonautas. Também procuro trabalhos novos de grupos de rap iniciantes.Portal NFL:  Você segue com as mesmas referencias do começo ou o tempo te trouxe novidades?

Fronteira Livre: Bom, eu faço o que a galera pede, geralmente, tipo, me pedem pra fazer uma musica para a nossa cidade, eu vou e crio uma letra, faz uma musica de carro ou de moto eu vou lá e faço, porque o sucesso quem nos dá é o publico, e eu não escolho público é desde crianças a idosos, e me sinto satisfeito, embora recebo criticas muitas criticas mais eu sou feliz com o que faço e esse é o segredo do sucesso. E você acha que depois de tantos anos o hip hop ainda é a voz dos excluídos?

Plinio do Rap: Sim, porque é a expressão da perifería, em uma só musica podemos denunciar o abandono das favelas, onde a vida é difícil até pra arranjar trabalho, eu tambem passei por isso, posso falar de experiência propria, tentei varias vezes trabalhar em mercados mais quando viam o meu endereço não me contratavam, o rap também denuncia o abuso de autoridades por parte da policia sobre os moradores de favelas, que pra eles todo favelado é bandido, e isso é mentira porque na favela 99% é de famílias de bem, que trabalham pra sustentar suas casas. E é isso que o Rap muitas vezes fal,a da exclusão das famílias da periferia e do abandono por parte do governo.

Fronteira Livre:  E no cenário internacional, o que você mais ouve? Acha que os “gringos” prometem muito mais para esse ano?
Plinio do Rap: Gosto muito mesmo do Eminem, Jay-Z, 2pac, Chamillionaire entre outros nomes, o rap gringo é diferente do Brasil, lá os gangsta rap, mostra  que tem grana ostenta com dinheiro do crime, é diferente do Brasil, onde os rapper mostra mais  seu lado cruel de fúria e denuncia o descaso das autoridades com o povo do gueto. Acho que o rap gringo tem sim, muito a prometer, pelo fato que o rap é o movimento que mais cresce no mundo, e surgi novas uniões, pelo fato que cada quebrada tem uma realidade diferente da outra.


Fronteira Livre:
Qual musica que mais você gosta de cantar?
Plinio do Rap: “A musica que eu mais gosto de cantar são duas e são minhas mesmo, e que tem o nome de“rap do plinio” e tem uma outra de grande sucesso que se chama “eldorado sinônimos de riquezas” que eu conto como é a vida de que tem grana e frequenta as baladinhas da minha cidade, e desfilam e ostentando nas avenidas principaís de Eldorado-MS.


Fronteira Livre:
Qual a importância do hip hop na sua vida?
Plinio do Rap: A importância do rap pra mim é que me deu uma visão diferente do mundo, comecei a correr atrás de meus objetivos, vi que nem tudo tenho que esperar do governo, por que os caras quer que agente se foda, eles não liga se você tem aluguel, água, luz pra pagar ou se não tem um rango na sua mesa, então o rap me ensinou a batalhar, correr atrás do meus objetivos, tipo eu cansei de reclamar e ficar esperando algo do governo, eu estou mudando a mim mesmo primeiro antes de mudar o mundo, e essa foi a lição que o rap me ensinou e venho aprendendo muito, pois antes eu queria só resolver na pancada, no grito, hoje eu já tenho o dialogo, e ando de cabeça erguida e posso entrar e sair de qualquer quebrada, respeito e sou respeitado, e tenho uma ideologia diferente de anos atrás, e o rap teve uma grande importância pra tudo isso acontecer.

Fronteira Livre: O que você acha do Rap-Tura e qual importância da Sua participação do 3º Rap-Tura?
Plinio do Rap: Bom, primeiramente eu quero a agradecer aos organizadores do evento pelo convite, não só por mim, mais por outros grupos também, nessa fase de crescimento do rap esta cada vez mais difícil um espaço no palco, pois está rolando muitas panelinhas no rap , já o Rap-Tura, vem mostrando que essas barreiras podem ser quebrada, não importa seu estilo se é underground ou gangsta, desde que seja rap e tenha um bom estilo musical, e fazer pelo rap, não por grana e fama, a quero agradecer mais uma vez os organizadores, a importância do Rap-Tura é que vou mostrar meu trabalho, vou poder apresentar a minha ideologia ou minha rotina, ou fatos reais que tem em algumas musicas minhas, e isso levanta a alto estima de um artista, você ter um convide para  sair de sua quebrada ou cidade para se deslocar á outra e mostrar seu trabalho em outra é algo fenomenal.

Fronteira Livre:Deixe um recado para o pessoal que gosta do teu trabalho?
Plinio do Rap: Salve galera quero agradecer vocês que sem vocês eu não seria o Plinio do Rap, continuem apoiando o movimento do hip hop / rap, escutando minhas musicas e de outros grupos, pois é pra vocês que fazemos ou procuramos fazer melhor a cada dia, o sucesso de um artista seja ele qual for não vem sem o apoio de vocês. Quero deixar um super quente abraço a todos vocês, e até Domingo dia 26 de Abril nos encontramos em Foz do Iguaçu no 3º Rap-Tura, espero vocês lá!

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