Levantamento do Ministério da Saúde aponta que o Brasil registrou 32 mil casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes em 2018. É o maior número desde 2011, ano em que os agentes de saúde passaram a ter obrigação de computar os atendimentos. Os dados foram obtidos pelo jornal O Globo e apontam que são registrados mais de três casos por hora.
De 2011 para cá, os números já somam 177,3 mil notificações. Dentre os casos registrados em 2018 pelo Ministério da Saúde, dois terços ocorreram dentro de casa. A cada 4 casos, em 1 deles os abusadores faziam parte do círculo de amigos ou conhecidos da vítima, em 23%, o pai ou padrasto.
O Globo ouviu Karina Figueiredo, secretária executiva do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, sobre as políticas públicas envolvidas na questão. “Foi um desafio construir nos últimos 20 anos uma perspectiva de trabalho sobre prevenção a partir da educação sexual desde a primeira infância. A criança deve aprender a identificar sinais de abuso”, disse Karina. I
Itamar Gonçalves, gerente de programas da Childhood Brasil, acredita que cada faixa etária demanda medidas preventivas diferentes. “Falar em educação sexual não significa ensinar à criança o ato sexual. Você pode ensinar como se nominam as partes do corpo, que ele tem partes públicas e privadas”, contou a O Globo.
“A uma criança de cinco anos, por exemplo, já é possível dizer o que são situações de risco e que ela pode dizer não a cada desconforto”, disse.
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O secretário nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Maurício Cunha, disse a O Globo que considera a pauta uma das prioridades do governo. “Não acho que o presidente seja contra falar de sexualidade em escolas. Ele só entende que deve ser em linguagem adequada e com respeito à família”, defende. Para ele, os últimos anos foram marcados por uma “supervalorização do Estado” sobre as questões da infância.