Horror no Único Hospital Funcional no Sul de Gaza, Descrito por Líder de Médicos Sem Fronteiras

A gravidade da crise humanitária em Gaza e a coragem dos profissionais de saúde que, apesar de todas as adversidades, trabalham em meio ao caos.

Destruição em Gaza. © Mohammed ABED

Destruição em Gaza. © Mohammed ABED

Os profissionais de saúde em Gaza enfrentam diariamente a dura realidade das contínuas agressões. Javid Abdelmoneim, líder da equipe médica de Médicos Sem Fronteiras (MSF), compartilha a experiência de trabalhar no hospital Nasser, o último hospital funcional no sul do território, onde a equipe enfrenta cenas de horror diariamente para tratar as vítimas dos ataques israelenses.

No hospital Nasser, o ambiente de trabalho é caótico e angustiante. Durante os incidentes com muitas vítimas, o pronto-socorro se transforma em um cenário de desespero e urgência, com médicos pisando em poças de sangue enquanto tentam atender centenas de feridos. O barulho e o cheiro de sangue são constantes, e seguranças lutam para manter os familiares fora da área de emergência para evitar superlotação.

O hospital Nasser oferece atendimento cirúrgico, de trauma e cuidados a pacientes queimados. Em um exemplo vívido, no dia 13 de julho, após um ataque israelense, o hospital recebeu um grande número de feridos. Explosões perto do hospital anunciaram o desastre iminente, e as ambulâncias logo começaram a chegar.

Abdelmoneim descreve cenas angustiantes, como a de uma menina de três anos com o osso da coxa exposto e uma mulher gravemente ferida com o intestino exposto, mas ainda consciente. O pronto-socorro estava tão cheio que muitos pacientes eram tratados no chão, em meio ao sangue. O trabalho incessante durou mais de quatro horas e meia, com médicos tendo que tomar decisões difíceis sobre quem atender primeiro.

O impacto da violência não poupa nem os profissionais de saúde. Um colega anestesista de MSF, que perdeu sua casa e familiares em um dos ataques, continuava a trabalhar no pronto-socorro, demonstrando a resiliência e o sacrifício da equipe médica.

Mesmo exaustos e traumatizados, os médicos palestinos continuam a tratar os feridos, lidando com braços quebrados, parando sangramentos e realizando cirurgias. No entanto, a sensação de perda é constante, com muitos pacientes sucumbindo às suas feridas. A equipe espera pelo próximo incidente com vítimas em massa, ciente de que não existe lugar seguro em Gaza.

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