Em um dia como hoje, estudantes eram mortos pela polícia na África do Sul no Levante do Soweto

A maioria dos estudantes da revolta tinha entre 10 e 20 anos, mas isso não impediu os oficiais de agirem com extrema violência

Foto: Divulgação

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No dia 16 de junho de 1976, a África do Sul foi marcada por um evento trágico e significativo: o Levante do Soweto. Nesta data, estudantes de ensino médio, insatisfeitos com novas políticas educacionais que os prejudicavam, tomaram as ruas do subúrbio negro de Johanesburgo para protestar. A decisão do governo de impor o ensino obrigatório do africâner nas escolas secundárias negras, substituindo o inglês como único idioma obrigatório, foi o estopim para a revolta. Esta mudança dificultava o sucesso acadêmico dos alunos negros, que precisavam ser fluentes tanto em inglês quanto em africâner, a língua predominante entre os brancos sul-africanos.

Estudantes de várias escolas se uniram em um movimento que rapidamente cresceu. Cerca de 20 mil jovens participaram dos protestos, exigindo justiça e igualdade no sistema educacional. Infelizmente, o governo respondeu com violência. A polícia abriu fogo contra os manifestantes, resultando em um massacre.

A maioria dos que participou da revolta tinha entre 10 e 20 anos. No entanto, isso não impediu os oficiais de agirem de forma brutal e extremamente violenta. Uma bomba de gás lacrimogêneo foi o estopim para a hostilidade que se instalaria nos momentos — e dias — seguintes.

Uma fotografia tirada naquele dia correu o mundo, chamando a atenção de outros países para o que estava acontecendo na África do Sul. A imagem do corpo do estudante de 13 anos Hector Pieterson sendo carregado colaborou para a visibilidade da manifestação, uma morte causada pela tentativa de fugir da chuva de balas que ia em direção aos alunos negros.

Mbuyisa Makhubo carregando o corpo do jovem de 13 anos, Hector Pieterson, morto no massacre de Soweto, em 1976. Foto: Sam Nzima

Os números de mortos variam conforme a fonte: a versão oficial do governo apontou 176 vítimas, mas estimativas independentes sugerem que até 700 pessoas podem ter morrido naquele dia. O impacto do Levante do Soweto foi profundo, tornando-se um símbolo da resistência contra o regime de apartheid e chamando a atenção internacional para as injustiças vividas pelos negros sul-africanos.

Hoje, o dia 16 de junho é celebrado na África do Sul como o Dia da Criança. Este feriado nacional não apenas homenageia os estudantes que perderam suas vidas em 1976, mas também serve como um lembrete do poder da juventude na luta por mudanças sociais e justiça.

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