Por Marco Roberto de Souza Albuquerque.
Já se passou um ano, e o Brasil, salvo engano, é o ÚNICO país que apresenta retrocesso no combate à pandemia
Colinas do Tocantins, 24 de março de 2021.
Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor,
Pax Domini Tecum.
Tive a grata satisfação de conhecê-lo quando eu atuava, como educador social, na Comunidade Terapêutica Sagrada Família – essa importante obra de caridade da Igreja local de Foz do Iguaçu, messe na qual, como vivo testemunho da Providência no plano soteriológico voltado prioritariamente aos que mais necessitam – não há cessado a remissão de vidas que, outrora escravas da toxicodependência, agora gozam a liberdade de poder buscar a Paz e a Amizade com HaBoreh (o Criador): isto é, a Salvação.
Porém não são as excelentes lembranças de sua santa presença em nossa Comunidade que me movem a escrever-lhe, Excelência Reverendíssima: havendo tomado conhecimento, por meio de um incansável entusiasta do carisma laico em Foz, Gilberto Ivan dos Santos, de que o amadurecimento do Conselho Diocesano de Leigos, iniciativa de dois de seus, agora saudosos, antecessores (Dom Dirceu e Dom Laurindo) está sendo reconduzido por Vossa Excelência Reverendíssima – e considerando eu a importância sociocultural da Igreja num momento político-econômico sobejamente disruptivo por conta, não tanto da pandemia, porém sim da irresponsável condução de suas consequências e do negligente enfrentamento de sua superação no âmbito federal da administração pública – tomei a peito a impertinência de acrescer aos muitos afazeres de Vossa Excelência Reverendíssima a dispensação de sua gentil atenção a algumas ponderações minhas acerca da relevância do exercício do carisma laico de nossa Igreja durante a crise que, não só inspira uma preocupação agora global com os descaminhos tomados até aqui em nosso país, senão também merece todos os predicativos rubicundos que fazem de nós, agora, uma má notícia (e um péssimo exemplo) em meio a todas as outras nações.
Contudo, como um pensador cristão, e tendo em mente a investidora sacerdotal de meu interlocutor – tomando semelhante investidura como uma referência dialógica para meus esforços lógicos e epistemológicos aqui, e não apenas como um mero adorno retórico para dirigir-me a Vossa Excelência Reverendíssima – resolvi conduzir meus pensamentos à luz de uma exegese da liturgia da Palavra deste dia, quando cumpro vinte dias de convalescência desde os primeiros sintomas da infecção pelo SARS-COV2 – infecção essa que, longe de ter sido um mero resfriado (vulgo “gripezinha”), talvez me inscreva nas estatísticas dos que amargarão sequelas por tempo indeterminado.
Reflitamos, portanto, Excelência Reverendíssima, à luz da liturgia da Palavra nesta quarta- feira da Quinta Semana da Quaresma.
A verdade é que precisamos ser independentes. E só há um jeito de ser livre. A liberdade é algo que ninguém nos dará, se não a tomamos, ninguém nos dará independência. Ninguém nos dará liberdade, nenhum governo nos trará igualdade e justiça, se não a tomarmos. A liberdade e os nossos direitos é algo que sempre foi conquistado pela luta organizada dos trabalhadores e trabalhadoras, muito pouco pelos partidos. Precisamos vencer a barreira e o pensamento de que temos que esperar por dias melhores, até mesmo porque eles não virão, eles não existirão.
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Iniciemos, como deve ser, pela heroica narrativa do Sepher Daniyyel (o Livro de Daniel: Dn 3,14-20.24.49a.91-92.95) que testifica a inexorável fidelidade dos jovens Sidrac, Misac e Abdênago (como, em língua caldaica, passaram a chamar-se, respectivamente, os três cativos do reino de Yehudah, companheiros de Daniyyel: Hananyah, Michael e Azariah) – à monolatria yahvista.
Como se sabe, quando Nebuchadnezzar HaMelech (o rei Nabucodonosor) os obriga a adorar a estátua de ouro (pelo contexto, um ídolo em homenagem ao deus Nabu), os jovens hebreus preferem à idolatria a morte, ainda que terrível: serem incinerados vivos numa grande fornalha. Porém, nessa conhecida história, chama-me a atenção o Hesed ve’Emet (isto é, o Amor e a Verdade) com que os jovens bney-Yisra’el (filhos de Israel: israelitas) se abrem à Providência. Quando, diante de toda a sua corte, Nebuchadnezzar HaMelech, prestes a lança-los na fornalha, intima-os, pela última vez, a dobrar os joelhos diante da estátua, declaram ao poderoso déspota:
Não há necessidade alguma de replicar-vos nesse assunto. Se assim for, Eloheynu (nosso Deus), a Quem servimos, tem o poder de livrar-nos da fornalha acesa e livrar- nos-á também, ó Majestade, de vossa mão. Mas, se Ele não o fizer, ficai sabendo, ó Majestade, que não serviremos vosso deus nem adoraremos a estátua de ouro que levantastes (grifo meu). (Dn 3, 16b-18.)
O desfecho desse sabido episódio encaminhar-se-á para a Mirabilia: por meio de um Ben HaElohim (um Anjo), Yahweh salvará prodigiosamente a vida dos jovens hebreus, e semelhante milagre fará Nebuchadnezzar HaMelech exclamar:
Bendito seja o Deus de Sidrac, Misac e Abdênago, que enviou seu Malach (Anjo) e libertou seus servos, os quais, confiando nEle, desobedeceram à ordem do rei e preferiram expor o próprio corpo a servir ou a adorar qualquer outro deus senão a Eloheyhem (seu Deus). (Dn 3, 95.)
Todavia, repito, chama-me a atenção o desprendimento, a entrega, a abnegação com que Hananyah, Michael e Azariah cumpriram o maior de todos os Mitzvot (Mandamentos) – porque eles amaram a Elohim sobre todas as coisas: inclusive acima da expectativa de sua salvação imediata do martírio a que se expuseram por negar-se a idolatrar a estátua erigida pelo rei da Babilônia.
À guisa de responsório, a Tehilah (Salmo) entoada pelos três cativos, redimidos do martírio como um sinal da intervenção de Elohim na história dos povos e na biografia das pessoas [Dn 3, 52-56 (refrão: 52b)] – é sobejamente sublinhada pelo Baruch Atah (Bendito és), que marca o tom de intensa gratidão e profunda reverência das preces judaicas encerradas na tradição orante do Sidur (o livro das preces judaicas).
Entre as justas exaltações a HaShem (o Nome: indicativo da própria divindade de Elohim) e as tradicionais fórmulas de profissão de Sua Onipotência, semelhante louvor é o natural reflexo do maravilhamento de quem, por obra patente da Providência, alcança o sumo favor de ver sua nefesh (vida) poupada de uma morte violenta e injuriosa.
O excerto evangélico que culmina a liturgia da Palavra de hoje, tomada à Boa-Nova narrada por São João (Jo 8, 31-42), estabelece um contraste ao episódio entusiástico extraído do Sepher Daniyyel.
As indisposições de Yehoshúa, Baruch Hu (Bendito Seja), com as autoridades judaicas, como vem testemunhando a Palavra desde a liturgia do domingo desta semana quaresmal – se encaminham para a condenação de Ben-‘Adam (Filho do Homem), como o Cohen Gadol (Sumo Sacerdote), presidindo o Sanhedrîn, profetizará, no próximo sábado (Jo 11, 50), ao modo de desabafo: “Não compreendeis que é de vosso interesse que um só homem morra pelo povo, e não pereça a nação toda?”.
Por isso, na passagem joanina da liturgia de hoje, Yehoshúa, interpelado pelas autoridades judaicas, que o interrompem quando Ele exortava aos bney-Yisra’el que haviam crido nEle a, permanecendo fieis a seus ensinamentos, conhecer a Emet (Verdade), para que a Emet os liberte – denuncia que essas mesmas autoridades, a despeito de sua piedade, tramam matá-Lo.
Se, por um lado, tais lideranças religiosas se indignam porque consideram uma blasfêmia anunciar libertação a um povo que, por considerar-se herdeiro das Promessas (os adversários de Yehoshúa, em nome de todos os praticantes da religião do Templo, declaram-se bney-Avinu Avraham: filhos de nosso Pai Abraão: Jo 8, 33), já se considera liberto – HaRabbuni (o Mestre) assevera que não é bem assim: pessoas que alimentam seu Yetzer HaRah (inclinação para o Mal) a ponto de urdir a morte do próximo, embora se considerem religiosamente herdeiras da tradição abraâmica e, consequentemente, beneficiárias das promessas associadas a tal Revelação – estão eticamente vinculadas, em verdade, à condenação inerente à oposição contra a Emet veHesed (Verdade e Amor), em que se sustenta todo o propósito soteriológico da
Emunah (a Verdade-Promissão em que se arrima toda a narrativa do estabelecimento da Paz e Amizade entre HaBoreh e os bney-‘Adam: a Salvação)
Em outras palavras: embora se considerem bney-Avinu Avraham, esses homens, a despeito de sua piedade professa, são em verdade bney-HaShatán – filhos do Adversário: Satanás (o que fica implícito no excerto joanino de hoje, mas é declarado alguns versículos mais adiante: Jo 8, 44).
Por fim, quando o debate entre Yehoshúa e seus opositores se torna acalorado, a ponto de os adversários de Ben-‘Adam declararem ser tão alto o nível de sua piedade, que estão convictos de que não tem outro Pai senão o próprio Elohim – HaRabbuni contradiz essa pretensão declarando-se HaShaliach: o Apóstolo por excelência, mensageiro do próprio Avinu Shebashamayim (nosso Pai celestial).
Ora, se os adversários de Yehoshúa fossem mesmo bney-HaElohim (filhos de Deus), eles o reconheceriam como HaShaliach (o Enviado) e o amariam (Jo 8, 42b). Como consequência, a Palavra de Yehoshúa penetraria neles, e eles seriam então libertos: perseverando nos ensinamentos de HaRabbuni, eles conheceriam a Emet, e a Emet libertá-los-ia – porque a perseverança na Palavra de Yehoshúa desfavorece o desenvolvimento do Yetzer HaRah de quem guarda seus Mitzvot, mas favorece o desenvolvimento de seu Yetzer HaTov (inclinação para o Bem), desde que se persevere na observância desses santos Mitzvot.
Aí está toda a economia da Salvação que se pode inferir da exortação de Yehoshúa a Seus novos discípulos quando da interrupção levada a cabo por Seus adversários.
Sabemos, Excelência Reverendíssima, que a taciturnidade do excerto evangélico de hoje não obnubilará as luzes da Pesach (Páscoa), que se avizinha: por ora não vemos como a passagem tomada ao Evangelho segundo São João se encaixa no tom triunfante do episódio da salvação de Hananyah, Michael e Azariah, remidos do martírio na fornalha ardente, cujo responsório litúrgico exalta – com a profusão do Baruch Atah que pontua toda a Tehilah – a Mirabilia da remissão dos jovens israelitas (e sua posterior glorificação por Nebuchadnezzar HaMelech, como se lê na continuação do episódio).
Todavia, sabemo-lo, Excelência Reverendíssima – acerca-se o ensejo de uma Mirabilia ainda maior: a ressurreição de Ben-‘Adam e sua glorificação como Ben-HaElohim. Hoje Ele acusa abertamente Seus adversários de tramarem Sua morte – a qual efetivamente será levada a cabo – e lamenta implicitamente a dureza de sua obstinação em não deixar-se tocar pela Palavra e seu consequente convite, por meio da perseverança no seguimento da sã Doutrina, à busca da Emet libertadora. Todavia, se hoje Yehoshúa se acha cercada pelas sombras da Morte, não tardarão a fulgir as luzes da Vida, que iluminarão Sua remissão definitiva.
Porque, acerca de Sidrac, Misac e Abdênago, sabe-se que, ao fim e ao cabo, morreram um dia, a despeito da maravilhosa remissão de seu martírio nas chamas; a respeito de Yehoshúa, contudo, asseguraram dois Malachim, ainda mais bem-aventurados do que aquele da fornalha (porque anunciadores de uma obra ainda maior da Providência) – às primeiras testemunhas da vitória definitiva de Ben-‘Adam sobre a Morte: “Por que procurais entre os mortos Aquele que vive?” (Lc 24, 5c).
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Inspirado em semelhantes esforços exegéticos a respeito da liturgia da Palavra num dia que antecede a solenidade da Anunciação do Senhor – esse revigoramento das promessas de Vida numa semana cujos textos litúrgicos tratam da preparação da Morte dAquele que, ao nascer, cumpre o mistério da Encarnação – e tomado pela simbologia arquetípica de todas essas oposições semânticas entre a Vida e a Morte, o Nascimento anunciado e o Sacrifício prenunciado, sinto-me encorajado a solicitar a Vossa Excelência Reverendíssima que dirija espiritualmente o Conselho Diocesano de Leigos com vistas à assunção de uma postura mais enérgica com relação à não-condução da atual crise sanitária por parte do Governo federal – o qual não só se tem mostrado ineficaz no alcance de resultados, porém sim criminoso na obstinação de suas motivações
Na última segunda-feira, um dos mais célebres cientistas brasileiros, e um dos membros da comunidade científica nacional que mais diretamente tentou influir tecnicamente nas diretrizes governamentais de combate à expansão da pandemia em nosso país – o Dr. Miguel Nicolelis – ratificou o que vem demonstrando desde o início do que, então, era um problema epidemiológico, e hoje ganha a estatura de um descalabro humanitário, não tanto por conta da contaminação pelo vírus SARS-COV2 – uma contingência biológica, inclusive prevista por pesquisas ensejadas pela primeira epidemia de um coronavírus no início da primeira década deste século – e sim pela condução administrativamente negligente e humanitariamente criminosa que tem caracterizado o desgoverno no combate à pandemia no Brasil, mormente na instância federal da administração pública.
Não me deterei na demonstração de semelhante desgoverno porque – ademais da obviedade representada pelo indiscutível descontrole da crise sanitária –, ao fim desta missiva, acha-se anexo o link da entrevista do Dr. Nicolelis, e ele, com muito mais competência e clareza do que eu, prova (sim: prova) que os descaminhos tomados pelo Governo federal até aqui o desabilitam como gestor da crise: simples assim.
Em termos políticos (mas não partidários: a discussão aqui não se circunscreve a preocupações eleitorais nem a disputas partidárias), demonstra-o Miguel Nicolelis – urge a instauração de uma providência republicana, tomada a peito pela suprema Corte do país e corroborada pelo Parlamento brasileiro, que estabeleça a tutela do Ministério da Saúde e instaure uma Comissão nacional que, a toque de caixa (porque o Tempo, rivalizando com a incompetência e insolidariedade do Governo federal, é o grande aliado do SARS-COV2), tome as seguintes providências:
- Para frear a escalada do contágio em todo o território nacional: – Determinar, nacional, efetiva e inexoravelmente, um lockdown (por trinta dias, calcula o Dr. Nicolelis): apenas os serviços da mais estrita necessidade podem funcionar;
- Para salvaguardar a sobrevivência dos trabalhadores e garantir o estímulo aos empreendedores: – Destinar uma renda emergencial de, estima Nicolelis, mil e duzentos reais por beneficiário, por sessenta ou noventa dias (a contar do início do lockdown);
- Para garantir, em tempo hábil, a vacinação e a compra de medicamentos e equipamentos necessários à manutenção das internações: – Lançar mão das reservas cambiais no exterior (mais de trezentos bilhões de dólares) e outros meios de levantamento de recursos para negociar, em caráter de urgência, a aquisição de um montante de vacinas que torne possível um programa de imunização em massa no menor tempo possível, bem como garantir o abastecimento de insumos médico- hospitalares indispensáveis à manutenção dos pacientes internados nas enfermarias ou entubados nas UTIs.
- Para mobilizar a população e promover a adesão em massa às medidas que, por mais antipáticas e impopulares que sejam, são indispensáveis para a superação da crise: – Combater a desinformação e a desmobilização ocasionadas pela disseminação de falsas promessas associadas ao tratamento precoce (o qual, pura e simplesmente, não existe) e pela propagação de obscurantismos e mentiras que despertem suspeitas infundadas a respeito da segurança da vacinação e da imprescindibilidade da associação entre as medidas em prol da suspensão temporária da circulação normal de pessoas e os esforços pela imunização em massa da população.
Não preciso dizer a Vossa Excelência Reverendíssima que a situação é gravíssima: o número oficial de mortes (cuja magnitude tem sido menoscabada pela subnotificação) é alarmante; vamos bater, nos próximos dias (talvez horas), a marca dos trezentos mil mortos pela Covid-19, e é consenso entre as autoridades científicas que o montante real de mortos (buscando-se corrigir, com evidências estatisticamente demonstráveis, a malfada notificação) já deve ter chegado à marca dos quinhentos mil óbitos.
Atenhamo-nos, no entanto, aos números oficiais: não tarda que cheguemos ao meio milhão de mortos na pandemia (talvez até o fim deste semestre); e, no segundo aniversário da crise sanitária, em 12 de março de 2022, alguém duvida que, oficialmente (isto é, a despeito do absurdo estatístico das subnotificações), contabilizemos um milhão de vítimas fatais?
Considerando que os atrasos, recuos e claudicações que têm caracterizado o desgoverno federal no combate à pandemia no Brasil, não vejo como não temer o pior. E, se escrevo a Vossa Excelência Reverendíssima, é porque creio na importância da sinalização advinda de uma cidade que, ademais de ser conhecida em todo o Brasil, é reconhecida, em todo o mundo, como a urbe que encerra uma das Sete Maravilhas Naturais do planeta.
Excelência Reverendíssima: pode-se imaginar o que será da população brasileira quando, no inverno (daqui a três meses), a pandemia disputar os doentes e os mortos com os problemas endêmicos próprios da estação mais fria e seca do ano?
Já não é possível contemporizar: já se passou um ano, e o Brasil, salvo engano, é o ÚNICO país que apresenta retrocesso no combate à pandemia: enquanto já se pensa, no resto do mundo, no fim da crise, entre nós, sendo bem sincero, estamos bem no olho do furacão – no auge da crise, marcada pela rápida e crescente expansão, não do “antigo” SARS-COV2, senão de uma de suas mais contagiosas e letais variantes.
Todas as esperanças não alicerçadas pela ciência: tratamento precoce, “imunização de rebanho” – todas essas mentiras e equívocos, abandonadas por países mais bem administrados tão logo as pesquisas científicas testificaram sua inconsistência – ainda orientam o discurso e a prática do Governo federal. Não podemos confiar que, de ora avante, ele vá civilizar-se e (finalmente!) deixar-se conduzir por parâmetros técnico-científicos. Como Nicolelis, julgo que temos de entregar a condução da crise a uma Comissão nacional.
Não me demorarei, para buscar persuadir Vossa Excelência Reverendíssima, debruçando- me logicamente sobre o óbvio; se lhe parece oportuno assenhorar-se de mais argumentos, convido-o, Excelência Reverendíssima, a assistir a entrevista com Miguel Nicolelis.
Nossa sociedade, em especial os mais pobres, está naquela fornalha, Excelência Reverendíssima: oxalá os Bispos do Brasil, como aquele Malach que cuidou de Hananyah, Michael e Azariah, se disponham a conduzir nossos compatriotas, em meio às chamas, para uma situação de razoabilidade no combate ao SARS-COV2. Para um país que, até pouco tempo, era uma referência planetária na imunização em massa e conta ainda hoje com o maior sistema universal de atendimento médico-hospitalar – não há ambição mais modesta e exequível.
E queira Elohim que o Bispo de Foz do Iguaçu esteja à frente de uma luta mais aguerrida (porque a imagem mais recorrente na entrevista do Dr. Nicolelis é justamente a da guerra: estamos sob o ataque implacável de um vírus, como se fôssemos a Grã-Bretanha sob o bombardeio da força aérea nazista), não só contra a pandemia, senão também pela recuperação de um país em que, se sobeja a riqueza, sobrexcedem as desigualdades.
Despeço-me pedindo-lhe a bênção, Excelência Reverendíssima, e contando ouvir boas- novas da atuação do Conselho Diocesano de Leigos da Diocese de Foz do Iguaçu, sob a direção espiritual de Vossa Excelência Reverendíssima, em favor da efetiva valorização da Vida – por meio de sua efetiva defesa justamente num momento histórico em que a Morte parece soberana, fortalecida pela ignorância, pela insolidariedade e pela incompetência, as principais características do desgoverno federal na defesa da população brasileira contra a sanha infecciosa do SARS-COV2.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Shalom Aleichem.
Atenciosamente,
Marco Roberto de Souza Albuquerque.
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