De Volta às Raízes, Jacutingas são Reintroduzidas na Mata Atlântica

Aves criadas naturalmente no Parque das Aves fazem parte do projeto 'Voa, Jacutinga', que visa salvar a espécie da extinção

Crédito das imagens: Parque das Aves

Quatro filhotes de jacutinga (Aburria jacutinga), uma espécie ameaçada de extinção, que nasceram no Parque das Aves em Foz do Iguaçu, Paraná, estão se preparando para uma nova fase em São Francisco Xavier, São Paulo. Lá, serão avaliados, treinados e, possivelmente, reintroduzidos no seu habitat natural na Mata Atlântica. O Projeto Jacutinga, organizado pela Sociedade para Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil), planeja a viagem para o dia 3 de setembro. O transporte será fornecido pelo programa LATAM Air Charity.

Roberta Manacero, gerente de curadoria animal do Parque das Aves, comentou: “Com esses quatro filhotes, criados naturalmente pelos pais, atingimos um total de 19 jacutingas nascidas no Parque das Aves e enviadas para o Projeto Jacutinga, coordenado pela SAVE Brasil. Isso demonstra que estamos avançando na recuperação da espécie em suas áreas naturais na Mata Atlântica.”

O transporte das jacutingas envolve um trabalho minucioso de várias equipes no Parque das Aves. A Área Técnica do Parque acompanhou as aves desde o nascimento até o crescimento saudável, seguindo procedimentos rigorosos e protocolos da SAVE Brasil para garantir um controle sanitário adequado. Foram realizados exames de rotina e testes laboratoriais antes do embarque. A Área de Infraestrutura, por sua vez, confeccionou as caixas de transporte que levarão os animais a São Francisco Xavier. O transporte será feito em duas etapas: primeiro, por avião até São Paulo e, em seguida, por carro até o destino final. Todo o processo é conduzido com extremo cuidado e de acordo com padrões internacionais.

Além disso, através de uma parceria com a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB) e a LATAM, o Parque das Aves utilizará o programa Avião Solidário para o transporte das jacutingas. Essa colaboração proporciona uma forma mais rápida de enviar as aves, garantindo melhores condições de saúde durante a viagem.

As jacutingas serão transportadas do Aeroporto de Foz do Iguaçu utilizando o Avião Solidário da LATAM. Como as aves devem estar no aeroporto com pelo menos três horas de antecedência, os preparativos começarão pela manhã, colocando os filhotes nas caixas de transporte para que se sintam confortáveis e a viagem seja bem-sucedida. Após a chegada ao Aeroporto de Guarulhos, as quatro aves serão transportadas de carro para a base do Projeto Jacutinga, onde a SAVE Brasil realiza a reintrodução das jacutingas.

Márcio da Silva, médico veterinário do Parque das Aves, acompanhará cada etapa do processo. Richarlyston Brandt, coordenador operacional de manejo, destaca: “Toda a equipe está extremamente animada e emocionada com a inclusão de mais jacutingas no projeto, que vai beneficiar uma linda região da Mata Atlântica.”

Jacutingas Criadas de Acordo com os Padrões do Projeto “Voa, Jacutinga”, seguindo os rigorosos protocolos do projeto de conservação “Voa, Jacutinga”, do Parque das Aves, certificado pela ALPZA (Associação Latino-Americana de Parques Zoológicos e Aquários) em 2023, possibilitaram a criação dos quatro filhotes de jacutingas.

O trabalho integrado de diversas áreas do Parque das Aves é fundamental para o projeto “Voa, Jacutinga”, abordando os aspectos reprodutivos, neonatais, veterinários e comportamentais das jacutingas. Roberta Manacero afirma que esses cuidados aprimorados aumentam a probabilidade de que as jacutingas sejam bem aceitas no Projeto Jacutinga da SAVE Brasil e reintroduzidas na Mata Atlântica, contribuindo para a repopulação de áreas onde a espécie já desapareceu devido à ação humana.

A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) destaca que o projeto visa preservar a jacutinga, uma ave ameaçada de extinção no Brasil, que só ocorre na Mata Atlântica. Embora existam aproximadamente 2.000 exemplares na natureza, a jacutinga é considerada extinta em algumas regiões do país. A caça, a degradação ambiental e a exploração ilegal da palmeira-juçara (Euterpe edulis), uma importante fonte de alimento para as aves e também endêmica da Mata Atlântica, são alguns dos principais fatores que contribuem para essa situação.

Roberta acrescenta que um dos principais objetivos do projeto “Voa, Jacutinga” é incentivar o público a contribuir para a preservação da jacutinga, aumentando a conscientização sobre a importância ecológica da espécie e sua relação com a palmeira-juçara. O projeto visa inspirar ações de conservação e reduzir o consumo de produtos ilegais de palmito juçara, que têm um impacto negativo significativo sobre o habitat da ave.

Desde 2017, o Parque das Aves colabora com o Projeto Jacutinga da SAVE Brasil para ajudar na reintrodução dos animais criados no parque. A parceria inclui a avaliação do comportamento das aves, treinamento pré-liberação, liberação branda (ou suave) e o monitoramento dos indivíduos na Serra de Mantiqueira, que é o local de reintrodução para os animais do projeto.

“Todo o esforço para enviar quatro jacutingas envolve a colaboração de muitas pessoas, unidas para garantir o sucesso da viagem, demonstrando que qualquer ação bem-sucedida de conservação é sempre coletiva. Roberta conclui: ‘Não podemos deixar de ressaltar que a viagem dos quatro jacutingas só foi possível graças aos visitantes e aos fãs conectados em nossas redes sociais, que continuamente nos apoiam na proteção de espécies ameaçadas de extinção na nossa Mata Atlântica.'”

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