Brasil Brilha nos Jogos Paralímpicos com Dez Medalhas, Incluindo Quatro Ouros

Atletas brasileiros sobem ao pódio no atletismo, taekwondo, natação e tênis de mesa, mantendo o país em terceiro lugar no quadro de medalhas. O Bolsa Atleta Federal marca presença em todas as conquistas.

Talisson Glock celebra o bronze nos 200m medley da classe S6. Foto: Marcelo Zambrana/CPB

Houve um tricampeonato consecutivo do paraibano Petrúcio Ferreira nos 100m da classe T47. No pódio dos 5.000m, Júlio César Agripino ficou em primeiro, seguido por Yeltsin Jacques em terceiro. Ricardo Mendonça conquistou um ouro emocionante nos 100m para atletas com paralisia cerebral. A estreante Ana Carolina Moura também brilhou, vencendo no taekwondo.

“Sou muito grato por tudo isso e agradeço a todos que acreditam no meu trabalho. Este ano, tenho enfrentado muitas batalhas com meu corpo e lesões. Isso aqui é pura diversão para mim.”

Petrúcio Ferreira, tricampeão paralímpico nos 100m da classe T47 do atletismo.

A delegação brasileira subiu ao pódio dez vezes em Paris, reforçando sua posição como uma potência nos Jogos Paralímpicos. Além das conquistas no taekwondo e no atletismo, o tênis de mesa e a natação também trouxeram medalhas. Um fator comum em todas essas vitórias é o programa Bolsa Atleta, financiado diretamente pelo governo federal.

Terceiro Lugar Geral: O desempenho do Brasil foi tão impressionante que o país terminou provisoriamente em terceiro lugar no quadro de medalhas, com cinco ouros, uma prata e sete bronzes, totalizando treze medalhas. A China lidera com 25 medalhas (12 ouros, 9 pratas e 4 bronzes), seguida pela Grã-Bretanha, com 15 pódios (seis ouros, seis pratas e três bronzes).

Bolsa Atleta: O presidente Luiz Inácio Lula da Silva celebrou nas redes sociais todas as medalhas conquistadas pelo Brasil com a marca do Bolsa Atleta. Dos 280 atletas brasileiros competindo em 20 modalidades em Paris, 274 (97,8%) fazem parte do programa do Governo Federal. Entre os seis que não estão atualmente no Bolsa Atleta, quatro já foram beneficiados em editais anteriores, enquanto os outros dois são guias que acompanham atletas com deficiência visual. O edital do Bolsa Atleta foi lançado em dezembro de 2023, após a aprovação da Lei Geral do Esporte.

Tri de Petrúcio: O atleta paralímpico Petrúcio Ferreira, de 27 anos, natural da Paraíba, é frequentemente comparado a Usain Bolt. Nesta sexta-feira, ele conquistou sua terceira medalha de ouro nos 100m da classe T47 (deficiência nos membros superiores), marcando sua sexta medalha paralímpica ao concluir a prova em 10s68. O americano Korban Best ficou com a prata, cravando 10s75, enquanto o marroquino Aymane El Haddaoui levou o bronze, também com 10s75.

A vitória de Ricardo Mendonça nos 100m da classe T37 (para atletas com paralisia cerebral) foi carregada de emoção. O atleta brasileiro cruzou a linha de chegada com um tempo de 11s07, garantindo o ouro. Saptoyogo Purnomo, da Indonésia, ficou com a prata ao terminar em 11s26, enquanto Andrei Vdovin, competindo como atleta neutro, completou o pódio com um tempo de 11s41.

Ricardo Mendonça consolidou sua hegemonia nos 100m da classe T37 com sua vitória em Paris, seguindo um ciclo de conquistas que incluiu o ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago em 2023, no Mundial de Kobe em 2024 e no Mundial de Paris em 2023.

“Eu não sei o que dizer ou pensar. Só estou fazendo o que todos me pedem desde que cruzei aquela linha”, comentou Ricardo com entusiasmo. Ele destacou que a corrida final foi mais rápida do que bela, mas adequada para garantir o ouro. Com esta vitória, Mendonça conquistou sua segunda medalha paralímpica e já deixou um aviso: “Ainda tem os 200m, minha prova favorita”. Em Tóquio, ele havia conquistado o bronze nos 200m.

Ouro e Recorde Mundial: Dobrada Brasileira nos 5.000m

Júlio César Agripino, atleta paulista de 33 anos, conquistou o ouro e estabeleceu um novo recorde mundial e paralímpico nos 5.000m da classe T11 (deficiências visuais) nos Jogos Paralímpicos de Paris. Com um tempo de 14min48s85, ele liderou a prova, enquanto seu compatriota Yeltsin Jacques, de 32 anos, garantiu o bronze. O japonês Kenya Karasawa ficou com a prata. Esta foi a primeira competição paralímpica do Brasil em Paris com medalhas, destacando a excelente performance dos atletas brasileiros.

“Estou muito feliz; ser campeão paralímpico e quebrar o recorde mundial é uma grande emoção. É um exemplo da força da periferia. Eu tinha apenas um campo quando comecei a treinar, mas consegui vencer com muita força e determinação. A vida tem altos e baixos, mas agora sou campeão paralímpico”, afirmou Júlio César Agripino. Ele dedicou sua medalha ao avô, destacando a importância pessoal de sua conquista.

“Quebrar o recorde mundial e ser campeão paralímpico é um grande prazer. É um exemplo da força da periferia. Eu tinha apenas um campo quando comecei a treinar, mas consegui vencer com determinação. A vida sempre tem altos e baixos, mas agora sou campeão paralímpico”, acrescentou Júlio, reafirmando a importância de sua vitória.

Esta é a primeira medalha paralímpica de Júlio César Agripino desde o Mundial de Kobe, em 2024, onde Yeltsin Jacques conquistou a prata na mesma distância. Júlio já havia vencido o campeonato mundial nos 1.500m em Kobe. Ele e Yeltsin estarão de volta às competições na semifinal dos 5.000m em Paris no dia 2 de setembro, com a final marcada para o dia 3 de setembro.

Aos sete anos, Júlio foi diagnosticado com ceratocone, uma doença degenerativa da córnea. Inicialmente um atleta tradicional do atletismo, ele fez a transição para o paradesporto com o apoio dos treinadores do Centro Olímpico. Júlio enfrentou dificuldades em controlar sua mente e manter a concentração, o que afetava seu desempenho. Ele conversou com sua psicóloga sobre sua ansiedade e, apesar das dificuldades, acordou confiante na vitória. “Ela me disse que eu reagiria bem, e foi exatamente o que aconteceu,” relatou Júlio.

Na história dos Jogos Paralímpicos, o atletismo é a modalidade em que o Brasil conquistou o maior número de medalhas. Com as vitórias de Yeltsin e Júlio, o total de medalhas no atletismo chega a 172, distribuídas em 49 de ouro, 70 de prata e 53 de bronze, em provas de pista e campo.

Julio Cesar Agripino, Ricardo Mendonça e Petrúcio venceram no atletismo. Ana Carolina conquistou ouro inédito no taekwondo, Fotos: CPB

Limonada de Yeltsin: Yeltsin Jacques conquistou sua terceira medalha paralímpica em Paris, somando-se aos dois ouros que ganhou em Tóquio 2020: um nos 5.000m e outro nos 1.500m, na classe T11. Ele estabeleceu um recorde mundial no 1.500m com o tempo de 3min57s60 durante os Jogos Paralímpicos de Tóquio. Apesar de ter enfrentado uma lesão e uma virose durante sua preparação, Yeltsin manteve o otimismo, citando o conselho de sua esposa: “Você ou faz a limonada ou chupa o limão azedo”. Nascido com baixa visão, ele iniciou sua jornada no paradesporto ao treinar para competir com um amigo totalmente cego, começando sua carreira nos Jogos Paralímpicos Escolares em 2007. Yeltsin expressou seu sentimento de realização ao dizer: “Estou com sentimento de missão cumprida”.

Protesto e Bronze: Após a desclassificação da polonesa Roza Kozakowska na prova de lançamento de clava da classe F32, a paulista Giovanna Boscolo foi promovida à medalha de bronze. O Brasil apresentou um protesto alegando que a cadeira da atleta polonesa foi alterada de forma irregular e que houve uso inadequado do equipamento. Com a revisão, Giovanna foi oficialmente reconhecida em terceiro lugar na competição.

Brilho de Carol: Na sua estreia nos Jogos Paralímpicos, a mineira Ana Carolina Moura, de 29 anos, conquistou o ouro na categoria 65 kg do taekwondo. Ela triunfou sobre a francesa Djelika Diallo na final com um placar de 13 a 7, diante de um ginásio lotado. Durante o torneio, a atleta de Belo Horizonte derrotou a grega Christina Gkentzou nas quartas de final com um resultado de 11 a 7 e a camaronesa Marie Antoinette Dassi nas semifinais com um impressionante 21 a 1.

Bronze de Glock: Nesta sexta-feira, o nadador catarinense Talisson Glock viveu uma jornada emocionante em Paris. Após uma desclassificação temporária por uma suposta movimentação ilegal nas eliminatórias, a delegação brasileira contestou a decisão, permitindo que ele voltasse à competição. Na final dos 200m medley da Classe S6, Glock conquistou a medalha de bronze com uma performance memorável nos últimos 50 metros da prova. “Estou muito feliz. É o que eu precisava para continuar nas provas restantes em Paris. Este perfil está no meu medley. Certifique-se de mostrar a verdade. Meu peito está muito mal,” disse o nadador.

Devido à minha deficiência, acabei gostando mais desse estilo. “Foi muito sincero,” disse Glock. O chinês Hong Yang conquistou o ouro ao estabelecer um novo recorde mundial com 2min37s31. O colombiano Nelson Crispin, com 2min38s04, ganhou a prata e também estabeleceu um novo recorde das Américas. Glock completou a prova com 2min39s30, garantindo o bronze.

Revezamento de Bronze: No revezamento 4x50m livre, classe 20 pontos, a equipe brasileira composta por Lídia Cruz, Daniel Xavier Mendes, Samuel Oliveira, Talisson Glock e Patrícia Santos conquistou a medalha de bronze. A China faturou o ouro, enquanto os EUA ficaram com a prata.

GOALBALL: Seleção Brasileira em Busca do Bicampeonato

A seleção masculina de goalball segue firme em sua missão de defender o título conquistado nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2021. Na segunda rodada do torneio em Paris, a equipe brasileira venceu os Estados Unidos por 13 a 8, marcando sua primeira vitória contra os adversários em Jogos Paralímpicos. Anteriormente, o time também venceu a estreia contra a França por 8 a 5. Neste sábado, o Brasil enfrentará o Irã na última rodada da fase de grupos, com início às 12h30 (horário de Brasília). A competição conta com dois grupos de quatro equipes cada, e o mata-mata das quartas de final será definido com base na fase classificatória. A seleção já tem experiência em Paralimpíadas anteriores e busca consolidar sua posição como favorita.

No torneio feminino, a seleção brasileira, que havia empatado com as atuais campeãs turcas na primeira rodada, sofreu uma derrota para Israel por 8 a 4. As mulheres brasileiras terão a chance de se recuperar no sábado, enfrentando a China às 9h45 (horário de Brasília).

A equipe brasileira de tênis de mesa assegurou seu lugar no pódio com vitórias significativas nas duplas. Nas quartas de final das duplas femininas WD20, Bruna Alexandre e Dani Rauen venceram as ucranianas Iryna Shynkarova e Maryna Lytovchenko por 3 sets a 0 (11/4, 11/2, 11/3), garantindo mais um bronze para o Brasil. As semifinais estão agendadas para este sábado às 7h (horário de Brasília).

No masculino, a dupla francesa Thomas Bouvais e Mateo Boheas derrotou os paulistas Claudio Massad e Luiz Manara por 3 sets a 1 (5/11, 11/6, 11/7, 11/8).

A semifinal acontecerá neste sábado, 31, às 8h. Assim, o tênis de mesa chega a 11 medalhas garantidas nos Jogos Paralímpicos da França, chegando a três em Paris. A gente conseguiu manter a cabeça no lugar, fez um acordo, vamos jogar ponto a ponto, aproveitar esse momento, estar nesta arena com tanta gente, com o mundo inteiro olhando para nós. Massad declarou: “Estamos aqui representando nosso país com muito orgulho, estamos na semifinal e vamos lutar por muito mais”.

A dupla paulista Cátia Oliveira e Joyce Oliveira garantiu o bronze no torneio de tênis de mesa ao vencer as sul-coreanas Su Yeon Seo e Jiyu Yoon por 3 sets a 0 (parciais de 6/11, 9/11 e 11/13) nas semifinais das duplas femininas WD5. Esta conquista marca a segunda medalha paralímpica para Joyce e Cátia, que também conquistaram um bronze na disputa simples classes 1-2 em Tóquio 2020.

Israel Stroh e Paulo Salmin, dois paulistas, também chegaram às quartas de final, mas foram derrotados por Billy Shilton e Paul Karabardak, da Grã-Bretanha, por 3 sets a 1.

Mistura nas Quartas – Na sexta-feira, 30, a dupla de tênis de mesa formada pela catarinense Danielle Rauen e pelo paulista Luiz Manara foi eliminada nas quartas de final pela dupla polonesa Karolina Pek e Piotr Grudzien. Apesar de terem aberto 2 sets a 0, a dupla brasileira acabou levando a virada e perdeu por 3 sets a 2 (11/8, 11/8, 11/13, 4/11 e 9/11). Na mesma classe, Bruna Alexandre e Paulo Salmin foram eliminados pela dupla ucraniana Viktor Didukh e Iryna Shinkarova, que venceu por 3 sets a 0 (7/11, 4/11 e 9/11).

Badminton — Nesta sexta-feira (30), Daniele Souza fez história ao se tornar a primeira mulher brasileira a competir no badminton nos Jogos Paralímpicos. Na classe WH1, ela venceu a canadense Chokyu Yuka por 2 sets a 1, conquistando um título inédito para o país no naipe feminino.

Além da histórica vitória de Daniele Souza, o segundo dia de competições no badminton trouxe resultados mistos para o Brasil. Rogério Oliveira, na classe SL4, e Vitor Tavares, na classe SH6, foram eliminados.

Na classe WH1, Daniele Torres Souza venceu seu oponente com parciais de 21/16, 15/21 e 21/7 na segunda rodada do Grupo C. Com uma vitória e uma derrota até agora, ela está na disputa por uma das duas vagas para a etapa eliminatória. Neste sábado (31), Daniele enfrentará Guang-Chiou Hu, de Taiwan, para decidir sua classificação para as fases finais.

Na estreia da fase de grupos de vôlei sentado, a seleção masculina do Brasil perdeu para a Alemanha por 3 sets a 0, com parciais de 16/25, 29/31 e 19/25. No outro jogo do Grupo B, o Irã venceu a Ucrânia por 3 sets a 0. O Brasil retornará à quadra no domingo (1º) para enfrentar o Irã, buscando recuperação na competição.

Na Bocha, que está ocorrendo na Arena Paris Sud, os resultados são:

  • André Costa venceu Uchida Shunsuke (Japão) com um placar de 2 a 8 no BC1.
  • Marcelo Santos venceu Marko Dekker (Holanda) com um placar de 7 a 2 no BC4.
  • Eviani perdeu para Ho Yuen Kei (Hong Kong) por 4×5 no BC3.
  • Evelyn Oliveira foi derrotada por Kang Sunhee (Coreia do Sul) com um placar de 0×7 no BC3.
  • Laissa Guerreira empatou com Anita Raguwaran (Alemanha) por 4×2 no BC4.
  • Maciel Santos venceu Nadav Levi (Israel) por 8 a 0 no BC2.
  • Aurelien Fabre (França) venceu Iuri Tauan por 6×2 no BC2.
  • José Carlos Chagas ganhou de Daniel Perez (Holanda) com um placar de 5×6 no BC1.
  • Mateus Carvalho perdeu para Jules Menard (França) por 4×5 no BC3.

No ciclismo, Lauro Chaman competiu no contrarrelógio de 1000m (pista) na classe C5, mas não avançou para a final.

No tiro com arco, os resultados das oitavas de final são:

  • Jane Karla venceu Agustina Bantiloc (Filipinas) com um placar de 143 x 127 no Individual W2.
  • Reinaldo Charão perdeu para Michael Meier (Áustria) com um placar de 135×142 no Individual.

As competições continuam, e os atletas seguem em busca de novos desafios e medalhas.

 

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