O dólar comercial fechou em forte alta nesta quinta-feira, dia 30 de janeiro, próximo de seu recorde nominal (sem considerar a inflação), na esteira da forte aversão global a risco por temores relacionados ao coronavírus e seu possível impacto econômico na China.
A moeda norte-americana encerrou o dia em valorização de 0,90%, vendida a R$ 4,2574. Na máxima, chegou a R$ 4,2725. Veja mais cotações.
O recorde histórico foi alcançado no dia 27 de novembro do ano passado, quando o dólar fechou a R$ 4,2584.
No dia anterior, a moeda terminou o dia vendida a R$ 4,2193, em alta de 0,62%. No ano, a moeda já acumula alta de 5,22%.
Coronavírus
Em todo o mundo, investidores temiam as consequências do surto de coronavírus para o crescimento da segunda maior economia do mundo, o que impulsionou o dólar contra boa parte das divisas arriscadas, como peso mexicano, lira turca, dólar australiano e iene chinês.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou nesta quinta-feira que a epidemia de coronavírus na China agora constitui uma emergência de saúde pública de interesse internacional. O número de mortos pelo vírus já passa de 170 em 18 países. A China continua sendo o mais afetado.
Política monetária
Na véspera, o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, decidiu manter inalterada a taxa básica de juros do país, no intervalo entre 1,5% e 1,75%.
Juros mais baixos nos EUA estimulam investidores a levar recursos para outros mercados, como emergentes, caso do Brasil – o que poderia ajudar a melhorar o fluxo cambial e valorizar a moeda doméstica.
Por aqui, o Banco Central divulgará no dia 5 de fevereiro vem sua decisão sobre os juros, com analistas esperando um corte de 0,25 ponto percentual, para um novo piso histórico de 4,25%. A Selic está atualmente em 4,50% ao ano.
Para o mercado, a sinalização de política monetária do Federal Reserve na quarta-feira abre espaço para um Banco Central brasileiro inclinado a uma política monetária afrouxada.
Analistas têm afirmado que o movimento de depreciação do real está relacionado à perda de atratividade da moeda como ativo, entre outros fatores, por causa do retorno “extra” oferecido pela renda fixa brasileira em comparação a seus pares, na esteira dos cortes da Selic a sucessivas mínimas recordes.
Além disso, o Banco Central anunciou que realizará leilão de swap tradicional na segunda-feira para rolagem do vencimento de 1º de abril.
A última atuação do BC no mercado cambial via leilões ocorreu em 20 de dezembro passado, quando a autoridade monetária vendeu 465 milhões em dólar à vista e, ao mesmo tempo, negociou 9.300 contratos de swap cambial reverso – como parte da estratégia de trocar posição cambial do mercado de derivativos por dólar spot (à vista).