Biografia: Darcy Ribeiro

Foto: Reprodução

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Darcy Ribeiro, um nome que ecoa na história brasileira como sinônimo de luta, cultura e amor à terra. Nascido em Cuiabá, Mato Grosso, em 1922, ele carregava consigo a chama da inquietude e a paixão por desvendar os mistérios da sociedade e da alma humana.

Juventude marcada pela busca por conhecimento e justiça social

Filho de farmacêutico e professora, Darcy Ribeiro desde cedo se viu imerso em um ambiente propício ao aprendizado e à reflexão crítica. Aos 18 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro com o sonho de se tornar médico. Mas o destino o guiou por outro caminho, levando-o a ingressar na Escola de Sociologia e Política da Universidade de São Paulo, onde se graduou em Ciências Sociais em 1946.

Defensor incansável dos povos indígenas e da cultura brasileira

Sua paixão pela antropologia o levou a trabalhar no Serviço de Proteção aos Índios (SPI) entre 1949 e 1951. Nesse período, teve a oportunidade de viver lado a lado com os povos indígenas do Mato Grosso e da Amazônia, documentando suas culturas e defendendo seus direitos.

Fruto dessa experiência, Darcy Ribeiro escreveu diversas obras de etnografia, como “O Povo Nambiquara” e “Línguas e Culturas do Brasil”, tornando-se um dos maiores especialistas na área. Sua atuação foi fundamental para a criação do Museu do Índio e do Parque Nacional do Xingu, marcos na luta pela preservação da cultura indígena brasileira.

Uma trajetória marcada pela educação e pela luta por um Brasil mais justo

Em 1955, Darcy Ribeiro fundou o primeiro curso de pós-graduação em antropologia no Brasil, na Universidade do Brasil (UFRJ), onde lecionou etnologia até 1956. Sua paixão pela educação o levou a assumir cargos importantes no Ministério da Educação e Cultura, onde lutou pela democratização do acesso ao ensino e pela valorização da escola pública.

Ao lado de Anísio Teixeira, foi fundamental na fundação da Universidade de Brasília (UnB), instituição que dirigiu como reitor entre 1962 e 1963. Em 1961, durante o governo Jânio Quadros, ocupou o cargo de Ministro da Educação, defendendo reformas inovadoras para o sistema educacional brasileiro.

Exílio e resistência: a luta por um futuro melhor

Com o golpe militar de 1964, Darcy Ribeiro teve seus direitos políticos cassados e foi exilado do Brasil. Durante os anos de exílio, viveu em diversos países da América Latina, como Chile, Uruguai e Peru, onde continuou sua luta por um mundo mais justo e igualitário.

Em terras estrangeiras, dedicou-se à produção intelectual, escrevendo obras como “O Processo Civilizatório: Trajetória da Terra e da Humanidade” e “América Latina: História, Sociedade e Política”, que o consolidaram como um dos maiores pensadores da América Latina.

Retorno ao Brasil e dedicação à política e à cultura

Em 1976, Darcy Ribeiro finalmente retornou ao Brasil, onde se dedicou à educação pública e à luta pela redemocratização do país. Em 1982, elegeu-se vice-governador do Rio de Janeiro, cargo em que trabalhou ao lado de Leonel Brizola na criação dos Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), unidades educacionais inovadoras que ofereciam ensino de qualidade para crianças e jovens de camadas populares.

Em 1990, foi eleito senador, onde se destacou por sua atuação em defesa dos direitos humanos, da educação e da cultura. Em 1992, recebeu a honraria de ser membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), reconhecimento por sua vasta obra literária e intelectual.

Um legado inestimável para as futuras gerações

Darcy Ribeiro faleceu em 1997, aos 74 anos, deixando um legado inestimável para o Brasil. Sua obra, composta por mais de 50 livros e diversos artigos, é uma referência fundamental para os estudos sobre antropologia, história, política e educação.

Mas, acima de tudo, Darcy Ribeiro foi um homem apaixonado pela vida, pela cultura e pelo seu país. Sua luta incansável por um Brasil mais justo e igualitário inspira e motiva as novas gerações a seguirem em busca de um futuro melhor para todos.

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